O jornalista Altamiro Borges acaba de lançar o livro “A ditadura da mídia”. Faz parte da “Coleção Vermelho”.
“Não é uma obra acadêmica, mas uma peça de denúncia política”, avisa ele. “Não é neutra nem imparcial, mas visa desmascarar o nefasto poder da mídia hegemônica e formular propostas para a democratização dos meios de comunicação.”
O prefácio é do professor e pesquisador Venício A. de Lima, da Universidade Nacional de Brasília (UNB) e um dos maiores especialista no tema no país: “O precioso e oportuno ‘A ditadura da mídia’ oferece ao leitor, em linguagem simples e direta, não só um quadro atualizado sobre os grupos que disputam o controle da grande mídia no mundo e em nosso país, como também um roteiro justificado de metas que devem orientar as reivindicaçòes populares na 1* Conferência Nacional de Comunicação".
O jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), faz um comentário: "O livro ‘A ditadura da mídia’ tem a justa pretensão de se tornar um instrumento de apoio para todos os que lutam pela construção de uma comunicação mais justa e equilibrada em nosso país”.
“Sem enfrentar a ditadura midiática não haverá avanços na democracia”
O próprio Altamiro Borges antecipa um pouco do que estará no livro:
“A mídia hegemônica vive um paradoxo. Ela nunca foi tão poderosa no mundo e no Brasil, em decorrência dos avanços tecnológicos nos ramos das comunicações e das telecomunicações, do intenso processo de concentração e monopolização do setor nas últimas décadas e da criminosa desregulamentação do mercado que a deixou livre de qualquer controle público. Atualmente, ela exerce a sua brutal ditadura midiática, manipulando informações e deturpando comportamentos. Na crise de hegemonia dos partidos burgueses, a mídia hegemônica confirma uma velha tese do revolucionário italiano Antonio Gramsci e transforma-se num verdadeiro “partido do capital”.
Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura tendenciosa de inúmeros processos eleitorais. Alguns governantes, respaldados pelas urnas, decidem enfrentar, com formas e ritmos diferentes, esse poder que se coloca acima do Estado de Direito. Na América Latina rebelde, as mudanças no setor são as mais sensíveis.
No caso do Brasil, a mídia controlada por meia-dúzia de famílias também esbanja poder, mas dá vários sinais de fragilidade. Na acirrada disputa sucessória de 2006, o bombardeio midiático não conseguiu induzir o povo ao retrocesso político. Pesquisas recentes apontam queda de audiência da poderosa TV Globo e da tiragem de jornalões tradicionais. O governo Lula, com todas as suas vacilações, adota medidas para se contrapor à ditadura midiática, como a criação da TV Brasil e a convocação da primeira Conferência Nacional de Comunicação.
Este quadro, com seus paradoxos, coloca em novo patamar a luta pela democratização da mídia e pelo fortalecimento de meios alternativos, contra-hegemônicos, de informação. Este desafio se tornou estratégico. Sem enfrentar a ditadura midiática não haverá avanços na democracia, nas lutas dos trabalhadores por uma vida mais digna, na batalha histórica pela superação da barbárie capitalista e nem mesmo na construção do socialismo. Aos poucos, os partidos de esquerda e os movimentos sociais percebem que esta luta estratégica exige o reforço dos veículos alternativos, a denúncia da mídia burguesa e uma plataforma pela efetiva democratização da comunicação.”
O livro A ditadura da mídia tem cinco capítulos:
1- Poder mundial a serviço do capital e das guerras.
2- A mídia na berlinda na América Latina rebelde.
3- Concentração sui generis e os donos da mídia no Brasil.
4- De Getúlio a Lula, histórias da manipulação da imprensa.
5- Outra mídia é urgente: as brechas da democratização.