RIO - Ainda está sendo apurado o total de ingressos vendidos pelos 330 longas-metragens projetados de janeiro até agora no Brasil. Mas as estimativas dos analistas de mercado é de que o circuito exibidor vá fechar o ano com um faturamento de US$ 143,2 milhões nas bilheterias. Na frente da fila das produções de maior apelo popular, configurando a adesão das massas às franquias de super-heróis, desponta “Os Vingadores — The Avengers”, de Joss Whedon, prestigiado por 10,9 milhões de pagantes. A versão em carne, osso e efeitos especiais das HQs criadas por Stan Lee também foi líder nos EUA, onde contabilizou US$ 623 milhões. Mundo afora, a aventura da Marvel chegou a US$ 1,5 bilhão, perdendo a liderença do clube dos bilionários só para “Avatar” (2009) e “Titanic” (1997).
Primeiro semestre fraco
No ranking dos dez filmes mais assistidos no ano no Brasil, entre longas nacionais e estrangeiros, só houve espaço para uma produção brasileira, que fica em nono lugar no páreo: “Até que a sorte nos separe”, de Roberto Santucci. Até o momento, pelos cálculos do site Filme B, que vistoria a indústria cinematográfica no país, 3,5 milhões de espectadores pagaram para rir com as peripécias de Leandro Hassum. Além do filme de Santucci, “E aí... comeu?”, de Felipe Joffily, com 2,5 milhões de pagantes, “Os penetras”, de Andrucha Waddington, com 1,6 milhão, e “Gonzaga, de pai para filho”, com 1,5 milhão, chegaram à marca de blockbusters.
Ao todo, a ocupação de tela por longas brasileiros só chegou a 10%, contrastando com os 14% de 2011 e os 19% de 2010, ano de “Tropa de elite 2”. Foram 14.199.328 ingressos vendidos. Em parte, a queda se deve ao mal desempenho de títulos do primeiro semestre, quando só “As aventuras de Agamenon, o repórter”, de Victor Lopes, com seus 950 mil espectadores, teve uma carreira comercial dentro das expectativas do mercado. Produções cercadas de expectativa como “Billi Pig”, de José Eduardo Belmonte, e “Xingu”, de Cao Hamburger, mal chegaram a meio milhão de pagantes.
— Em 2012, o cinema nacional só apresentou recuperação no segundo semestre, quando os filmes de Santucci e de Andrucha consolidaram de vez a comédia como nosso principal produto em parâmetros de mercado — avalia Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B, lembrando que o ano fixou dois nomes como chamarizes de plateia: Leandro Hassum e Marcelo Adnet.
Graças à boa recepção a “Até que a sorte nos separe”, seu primeiro trabalho como protagonista, Hassum se firmou como um dos nomes de maior apelo da atual safra de comediantes nacional. E, pelo segundo ano, Santucci reina nas bilheterias de filmes brasileiros, depois de seu “De pernas pro ar” em 2011, também com 3,5 milhões. Sua continuação estreia amanhã, com 710 salas. Seu êxito demarcou ainda uma nova classificação estética para o terreno do humor, bancada por críticos e pesquisadores: o termo neochanchada. O neologismo designa um tipo de comédia de verve comercial assumida, com protagonistas vindos da TV ou do teatro stand-up, com rasgos de besteirol, responsável pela oxigenação financeira do cinema brasileiro — apesar de ser criticada por ter estrutura narrativa próxima da linguagem televisiva.
Polêmicas à parte, as neochanchadas ajudaram uma distribuidora brasileira a fazer frente às majors (as representantes dos estúdios americanos, como Warner e Fox) na corrida por espectadores: a Paris Filmes. Ao mesmo tempo em que pôs “Até que a sorte nos separe” em cartaz e operou em parceria com a Downtown Filmes em “Gonzaga, de pai para filho”, a Paris vendeu 22 milhões de ingressos. Entre os 26 títulos lançados por ela estão o ganhador do Oscar “O artista” e o arrasa-quarteirão “A saga Crepúsculo: Amanhecer — Parte 2”, com 9,4 milhões de pagantes.