quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O avanço de Facebook e Apple no campo da televisão


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Zuckerberg já negocia com grandes estúdios e contrata profissionais de produção como Mina Lefevre, ex-MTV, para aquisição e financiamento de conteúdo



"O objetivo é que, quando as pessoas quiserem acompanhar seu programa favorito, acompanhar o conteúdo que assistem em episódios semana a semana, elas possam vir ao Facebook e ir para um lugar que vai mostrar isso."

É Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, apresentando há duas semanas os resultados da empresa em 2016, para investidores, e apontando a estratégia para dominar também a televisão –e a publicidade que ela gera.

Na noite de terça (14), fez o seu primeiro movimento: anunciou um aplicativo para assistir vídeo em aparelhos de TV. O app sai inicialmente para os adaptadores Apple TV e Amazon Fire TV e para as smarTVs da Samsung.

 Chegará "logo", em algumas semanas, às respectivas lojas de aplicativos. E tem "mais plataformas a caminho", ou seja, outras marcas de adaptadores e smarTVs e consoles de videogame.

Zuckerberg não está entrando na tela maior, do televisor, só para mostrar vídeos curtos e GIFs que congestionam o "feed" no celular. Quer programação regular, séries de sucesso das TVs aberta e paga, "em episódios".

"Muitos dos melhores conteúdos episódicos são criados profissionalmente", afirmou ele aos investidores, "e esses caras precisam receber uma boa quantidade de dinheiro de maneira a poder sustentar seu modelo de negócios."

O Facebook já negocia com grandes estúdios, em princípio oferecendo a divisão da receita com publicidade. Mas também vem fechando negócios de licenciamento, ou seja, adquirindo direitos.

Na segunda (13), a rede social assinou com a Univision um contrato para apresentar ao vivo, para o público americano, o campeonato mexicano de futebol. O primeiro dos 46 jogos será domingo (19).

E no sábado (11) havia enviado executivos para os encontros sobre licenciamento com as gravadoras que acontecem no entorno da entrega do Grammy. O alvo, no caso, são os vídeos musicais.

Também vem contratando profissionais de produção como Mina Lefevre, na semana passada. Ela era vice-presidente da MTV e vai trabalhar no desenvolvimento de programação original, por aquisição ou financiamento.

CORRIDA

Lefevre escreveu no próprio Facebook que sempre quis "construir alguma coisa, e a ideia de fazer parte da equipe que está erguendo o ecossistema de conteúdo do Facebook é um sonho".

Em seu conselho de administração, que estabelece estratégias, Zuckerberg tem um nome ainda mais estelar, o presidente da Netflix, Reed Hastings –o que começa a levantar questionamentos sobre ética concorrencial.

A TV que o Facebook está montando não prevê receita com assinaturas, como faz a Netflix, e sim publicidade, o que evita a concorrência direta com a gigante de TV por demanda e atinge mais os canais de TV aberta e paga.

Com o novo aplicativo, o Facebook, que afirmou há três meses estar no limite de sua capacidade de veicular publicidade no "feed", quer entrar no mercado publicitário da TV americana, avaliado em US$ 70 bilhões.

A disputa pela carcaça da TV atrai outros gigantes de tecnologia. Também falando a investidores, o presidente da Apple, Tim Cook, anunciou que vai agora priorizar conteúdo de TV, na busca de novas fontes de receita.

"Colocamos o pé na água fazendo algum conteúdo original, estamos aprendendo e avançaremos a partir daí", disse. "Creio que as mudanças na indústria de mídia vão se acelerar com os pacotes de cabo começando a quebrar."

Para Cook, a TV paga está perdendo o controle da distribuição. Dias depois, a Apple reforçou sua equipe para licenciamentos e programas originais com um executivo de TV tirado da Amazon.


Correndo por fora, no final do ano o Spotify chamou para seu conselho o diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, visando melhorar sua estratégia de TV. E o Snapchat passou a privilegiar licenciamento de conteúdo das produtoras, abrindo concorrência direta com o modelo usado pela TV. 

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Os 'jeitinhos' que os chineses encontram para driblar a 'Grande Muralha' do governo à internet

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  • 11 fevereiro 2017


Teclado de computador com a bandeira chinesaDireito de imagemBOARDING1NOW
Image captionA internet é altamente censurada na China

O governo chinês anunciou recentemente uma medida para dificultar que os internautas do país acessem as chamadas VPNs, ou redes vituais privadas, que permitiam driblar a censura que o país impõe às informações da rede.
O uso das VPNs permite "enganar" os controles do governo sobre a internet, ao ocultar o local de onde a pessoa faz o acesso. Essa é apenas uma de várias maneiras que os chineses encontram para driblar a chamada "Grande Muralha Digital" (em referência à Grande Muralha da China) com a qual as autoridades do país limitam o acesso à internet.
Com mais de 730 milhões de internautas - 75% dos quais com idades entre 10 e 39 anos -, a China tornou-se o grande sonho de consumo de empresas de tecnologia da informação (TI), incluindo o ramo de aplicativos e mídias sociais.
Mas o acesso à nação com o maior número de pessoas conectadas do mundo depende de passar pelo mais poderoso "firewall" do planeta. A "Grande Muralha" digital nada mais é do que um imenso filtro para garantir que as pessoas tenham acesso apenas às informações que o Estado considere adequadas.
Muitos chineses só conseguiam acessar sites e aplicativos bloqueados no país, como Facebook, Twitter, YouTube e Netflix, por meio das VPNs.


Site do Google em chinêsDireito de imagemAFP
Image captionFerramentas de busca como o Google estão sob vigilância na China

O mesmo acontece com certas palavras ou expressões. Às vésperas de efemérides consideradas sensíveis pelo governo, como o aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial, buscas pelo ano de 1989 e ao nome da praça também são bloqueadas. A internet passa a funcionar bem mais devagar.
A verdade é que, a despeito da quantidade impressionante de internautas, a rede chinesa pode funcionar como uma espécie de intranet (rede fechada) em um estalar de dedos.
Mesmo com a nova ofensiva do governo, os inventivos chineses ainda têm outras formas para chegar à informação que buscam, ou mesmo para tocar em assuntos que o governo não quer que sejam discutidos. Conheça alguns deles abaixo.


Usuário chinês navega pelo Weibo, uma resposta chinesa para o TwitterDireito de imagemREUTERS
Image captionO Weibo é um dos aplicativos mais populares da China

O uso de aplicativos alternativos

Milhões de chineses não têm e não querem VPNs pois acham não precisam delas. A China tem redes socias próprias, que replicam o modelo das tradicionais redes conhecidas e usadas mundo afora.
O Sina Weibo, por exemplo, é o equivalente ao Twitter. Os usuários não largam o WeChat, um aplicativo que, sozinho, tem cerca de 500 milhões pessoas conectadas, trocando mensagens e postando fotos, comentários ou reclamações. O WeChat é um cruzamento turbinado do Facebook, proibido na China, com o WhatsApp, que é permitido.
Com ele, pagam-se até contas.
O equivalente ao YouTube é o Youku.

Tribuna inesperada

O Sina Weibo e o WeChat foram palco, em semanas recentes, de discussões e críticas às autoridades por causa das ondas de poluição que assolam várias metrópoles chinesas, um assunto que começa a ser debatido abertamente na China. Mas muitos comentários desapareceram. Isso ocorre quando o assunto é um tema considerável sensível. Porém, internautas mais insistentes postam novamente.


Chinês navegando na internetDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionInternautas chineses usam códigos e jogos de palavras para "driblar" censura

Jogo de palavras

Recentemente, o termo "Jin San Pang", ou "Kim terceiro, o gordo", expressão muito usada entre os internautas para se referir ao líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, um aliado da China, foi bloqueado. Acostumados a situações semelhantes, os internautas rapidamente adaptaram a referência por meio de um jogo de palavras, uma das alternativas para escapar dos bloqueios. "Kim terceiro, o gordo"(金三胖) tornou-se "Kim terceiro, meia lua (金三月半)".
Pode não fazer muito sentido à primeira vista, mas é o que acontece se dividido o ideograma "pang"(胖 ,"gordo") em seus dois caracteres "yue" (月,lua) e "ban" (半,metade).
O jogo de palavras cria outras maneiras de se referir a um mesmo assunto. Até que os filtros descubram as novas expressões usadas para bloqueá-las - e que os usuários busquem outras para colocar no lugar.

Códigos

Internautas já organizaram movimentos online a partir de códigos para disfarçar o que tentavam comunicar. Um deles é a expressão "dar uma caminhada", que acabou se tornando sinônimo de fazer um protesto pacífico.