Editora fundada por Jorge Zahar passa a ser um dos selos do Grupo Companhia das Letras, do qual a multinacional é dona de 70%. Valor da transação não foi informado.
A compra da Zahar faz parte de um projeto de consolidação da PRH, que nos últimos anos comprou os selos de interesse geral da Santillana (incluindo aqui a Objetiva que também passou a fazer parte do Grupo Companhia das Letras), a Salamandra (Espanha), a Ediciones B (Argentina), a Little Tiger (Inglaterra) e SourceBooks (EUA).
No comunicado em que confirma a compra, Markus Dohle, CEO internacional da Penguin Random House diz que é um privilégio ter a empresa que dirige sido escolhida para continuar o legado da Zahar. “Como em todas as nossas aquisições, abraçamos essa responsabilidade com o comprometimento de preservar a independência editorial da casa e seus editores, construindo com base na rica história da Zahar o melhor futuro para a empresa”.
A casa carioca é pioneira na publicação de livros dedicados às áreas de Ciências Humanas e Sociais no Brasil. Além disso, construiu um catálogo respeitável de clássicos universais, títulos para vocação para estudos universitários e obras infantis.
Luiz Schwarcz, fundador da Companhia das Letras e CEO do negócio no Brasil, tem um passado estreito com Jorge Zahar, fundador da editora recém-comprada e tem o editor morto em 1998 como um mentor e incentivador para a criação da Companhia das Letras nos anos 1980. Durante cerca de 30 anos, as duas casas compartilharam a distribuição (a Zahar distribuindo a Companhia das Letras no Rio de Janeiro e a Companhia das Letras distribuindo a Zahar em São Paulo) e, por muitos anos, dividiram espaços na Bienal.
O comunicado enviado à imprensa ressalta que, além das afinidades editoriais e comerciais das duas casas, elas compartilham a mesma visão sobre a vitalidade e a perenidade do livro. “Nos últimos tempos, embora a Companhia tenha crescido e decidido ampliar a comunidade de leitores com os quais falamos, a vocação de ser em essência uma editora de catálogo, de livros de longa duração, só foi aumentando. E é em cada um desses títulos, que querem sobreviver ao tempo, que a imagem de Jorge Zahar está espelhada e mantida”, diz.
A independência era um valor importante para Jorge Zahar. No volume da série Editando o Editor (Com Arte / Edusp), ele deixou claro isso. Sobre isso, Ana Cristina Zahar, sua filha e atual diretora da casa, comenta: “Depois de mais de 70 anos de trajetória independente, estamos confiantes que o Grupo Companhia das Letras é o melhor para abrigar e manter com qualidade um catálogo de tamanha relevância no segmento de não-ficção, os títulos infantojuvenis da Pequena Zahar e os Clássicos Zahar”.
O comunicado diz ainda que o processo de integração entre as duas editoras será conduzido por um comitê que contará, por parte do Grupo Companhia das Letras, além de Luiz Schwarcz, com a colaboração do publisher Otávio Costa e do editor Ricardo Teperman; pelo lado da Zahar, participarão as diretoras Ana Cristina Zahar (que permanecerá como consultora editorial após o processo de integração), Mariana Zahar e Ana Paula Rocha. O documento diz ainda que a sede da Zahar será mantida no Rio de Janeiro.
Com a chegada da Zahar, o Grupo Companhia das Letras passa a ter 17 selos editoriais: Companhia das Letras, Objetiva, Zahar, Alfaguara, Suma, Paralela, Penguin-Companhia, Companhia de Bolso, Portfolio-Penguin, Fontanar, Companhia de Mesa, Quadrinhos na Companhia, Seguinte, Companhia das Letrinhas, Pequena Zahar, Claro Enigma e Boa Companhia. O valor da transação não foi informado.