segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O PODER DA PALAVRA NA CIBERCULTURA


ENCONTRO ESPECIAL - O PODER DA PALAVRA NA CIBERCULTURA

[FLAMENGO] Dia 25 de agosto, quinta-feira, 19h30

 

O PODER DA PALAVRA NA CIBERCULTURA

:: Com transmissão ao vivo aqui no site ::
Com: Pierre Lévy
Participação: Gilberto Gil
Curadoria: Heloisa Buarque de Hollanda e Cristiane Costa


Um dos mais proeminentes pensadores da atualidade, Pierre Lévy, debaterá com 

o cantor e compositor Gilberto Gil, temas como cibercultura, hipertexto e mídias digitais.
Professor da Universidade de Quebec, entusiasta das possibilidades cognitivas da Internet,
Lévy foi quem propôs o conceito de “inteligência coletiva” no começo dos anos 90,
quando a internet comercial ainda engatinhava. 


É autor de clássicos como “Cibercultura” e “O que é o virtual”?
Dia 25 de agosto, quinta-feira, 19h30 | Nível 7
Entrada franca  | Classificação etária: livre

Distribuição de senhas meia hora antes do evento e telões do lado de fora para quem

não conseguir lugar no teatro. Transmissão ao vivo no site www.oifuturo.org.br

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A Folha (*) vai quebrar 2 vezes. A Globo, uma




    Publicado em 17/08/2011

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Seu Frias e Roberto Marinho vão ter que contratar o Dr. Bermudes
Saiu na Folha, pág B1:


Congresso libera tevê a cabo para telefônicas


Elas vão poder controlar empresas de televisão por assinatura.


Os canais vão ter três horas e meia de programação nacional em horário nobre.


Metade do conteúdo nacional terá de ser de produtor independente.


O Slim assume de vez a Net, que era da Globo,  antes da concordata.


E a Telefônica assume a TVA, que era da Abril.


(A propósito, a Abril é a maior contribuição à Historia do Capitalismo, desde O Capital, de Karl Marx. Ela acabou de fazer um lançamento de ações, um IPO, que o Conversa Afiada desconfiou que se tratava de um mico. Pois não é que o Valor, hoje, assegura que, logo após o IPO, a Abril exibe fulgurante prejuízo com as despesas financeiras? Esse Robert(o) Civita é um jenio.)

O princípio básico da nova lei do cabo é saudável e simples:
Quem distribui (telefônica) não produz conteúdo (Globo).
Quem produz conteúdo (Globo) não distribui (telefônica).
A lei transforma tudo em empresa de Comunicação.
Onde se encaixam também os provedores de acesso à internet (UOL).
NavalhaAssim, teremos a seguinte situação, muito interessante.
A Globo vai ter que fechar o Globo.com e o G1.
Porque não pode distribuir e produzir conteúdo ao mesmo tempo.
O UOL – que sustenta os jenios da Folha (*) – também vai.
Porque ele ou é provedor de acesso ou de conteúdo.
E, na pág. B4, da mesma Folha, o Ministro Paulo Bernardo avisa que as telefônicas poderão dar acesso à internet, sem precisar de provedor.
Ou seja, o UOL perde do novo.
Duas vezes.
Os colonistas da Folha vão ficar impossíveis.
O projeto que o Senado aprovou vai à sanção da Presidenta.
Os filhos do Roberto Marinho e do seu Frias só têm uma saída.
Contratar o escritório do Dr. Sergio Bsrmudes e sua consultora, Elena Landau.
O Dr. Bermudes não perde uma !







Paulo Henrique Amorim




(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Senado aprova projeto com novas regras para TV por assinatura


17/08/2011 - 08h52
DE BRASÍLIA


O Senado aprovou nesta terça-feira (16) o projeto de lei (PLC) 116, que define o novo marco regulatório para o serviço de TV por assinatura no país.
De acordo com o projeto, as empresas de telecomunicações poderão passar a transmitir conteúdos de TV a cabo. Essa possibilidade vinha sendo defendida, entre outros, pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
O texto também estabelece a exigência de que os canais fechados incluam, em suas programações, espaços mínimos para produções locais, regionais e nacionais.
Parlamentares da oposição criticaram o projeto. O líder do PSDB no Paraná, senador Álvaro Dias, disse que o texto atribui à Ancine (Agência Nacional do Cinema) prerrogativas de agência reguladora do setor, o que apontaria a intenção do governo em censurar os conteúdos da TV paga.
"O projeto passa a permitir que a Ancine autorize ou não a programação de um canal de TV paga, defina qual é o seu horário nobre, podendo caçar, banir esse canal de ser veiculado. Portanto são poderes exorbitantes", declarou.
O líder do Democratas de Goiás, senador Demóstenes Torres, disse que seu partido pretende questionar na Justiça o conteúdo do projeto.
"Nós vamos questionar no STF tudo isso que consideramos censura, xenofobia, agressão à constituição, essa quantidade enorme de artigos inconstitucionais que colocaram dentro dessa lei", disse.
Mas o relator da matéria, senador Valter Pinheiro (PT-BA), negou qualquer intenção do texto em censurar conteúdos televisivos, e defendeu a sua aprovação.
"Não se trata de regulação cultural. É sim, na prática, um aspecto da regulação econômica com o objetivo inclusive de ampliar a concorrência, a diversidade da oferta", defendeu.
Apesar dos protestos da oposição, o projeto segue direto para a sanção da Presidente da República.
As informações são da Rádio Senado.

O futuro das telecomunicações no Brasil



À LUZ DA NOVA POLÍTICA INDUSTRIAL CLUBE LOTA AUDITÓRIO PARA DEBATER O FUTURO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL





“A nova política que esperamos acrescentar ao Plano Brasil Maior nos próximos 15 dias trará um regime especial para o Plano Nacional de Banda Larga, com incentivo à produção, desenvolvimento, prototipagem, com engenheiros brasileiros sediados e com patentes aqui indo muito além da montagem. Essa é uma política clara de um governo que assume que o poder de compra do Estado é um instrumento poderosíssimo de desenvolvimento e precisa ser usado”. A declaração é de Cezar Alvarez, Secretário Executivo do Ministério das Comunicações no seminário ”O Futuro das Telecomunicações no Brasil”, promovido pelo Clube de Engenharia, sexta-feira última, 12 de agosto, em parceria com a revista Carta Capital.
O Secretário Executivo do Ministério das Comunicações lembrou que a inovação tecnológica e a dimensão de sociedade do conhecimento incluem transformação social, cultural, econômica, política e institucional. Ao defender a necessidade de se investir em inovação, Alvarez foi enfático na defesa das empresas nacionais. “Não tenho a menor dúvida de que é preciso acelerar a densidade e a dimensão das políticas de inovação das tecnologias das telecomunicações, fazendo um esforço para que sejamos capazes de descobrir ou construir essa empresa brasileira. O processo se dará com ou sem ela, mas será muito mais fácil se tivermos uma empresa com esse conceito amplo e moderno de empresa nacional”, finalizou.
Balança comercial
Com a presença de especialistas e autoridades que participaram de dois painéis e responderam perguntas de uma plateia que lotou o grande auditório do 25º andar, Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia, ao abrir o encontro, apontou os seguidos déficits da balança comercial no setor das telecomunicações como um indicativo claro da deficiência do país na área. “O déficit chegou a 27 bilhões de dólares em 2010, com previsão de 33 bilhões de dólares para 2011″, destacou. Francis citou o estado decadente do parque fabril no país. “As poucas indústrias nacionais que resistiram vivem de encomendas muito aquém de suas capacidades. Pesquisa e desenvolvimento praticamente inexistem. A nossa indústria eletroeletrônica representa atualmente cerca de 4% do PIB, enquanto em países desenvolvidos chega a 12%. Além disso, o segmento de manufatura de telecomunicações no Brasil vem acumulando seguidos déficits de faturamento: nos últimos três anos de 23,7%, e somente em 2010 cerca de 9%”, alertou.
Alan Fischler, Gerente de Tecnologia da Informação e Comunicação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), concorda com Francis e defende a necessidade do país romper o ciclo que o torna apenas um montador. “Os projetos são feitos fora do Brasil e os componentes são todos importados. Paradoxalmente, quanto maior é o mercado de telecomunicações, maior é o déficit. O que está acontecendo hoje, depois de muito tempo, é uma política industrial que tem como objetivo atrair investimentos e agregar valor à cadeia produtiva. O grande trunfo que temos é o mercado. O Brasil é um mercado extremamente relevante e tem características familiares para os investimentos, marcos regulatórios, leis de patentes etc. Para Fischler, não adianta competir em tecnologias maduras, sendo necessário identificar as futuras rotas tecnológicas. “É preciso sempre olhar para o futuro e investir em capacitação, pesquisa e desenvolvimento e, principalmente, em inovação”, declarou.
Banda Larga
Maximiliano Martinhão, Secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações esclareceu que o mercado é muito segmentado, inclusive nas formas de prestação de serviços. “A arquitetura é completamente verticalizada. Isso está se alterando com o avanço da tecnologia e da mudança gradual na forma de pensar. Mudam também os processos, integrando os diversos serviços em uma única plataforma”, explicou.
Segundo Marcio Patusco, chefe da divisão técnica de Eletrônica e Tecnologia da Informação que apresentou o posicionamento oficial do Clube de Engenharia, a banda larga deve ser um serviço púbico, dada a sua relevância estratégica, com consecução através de recursos públicos e privados conjugados e disponibilidade de acessos de baixo custo para faixas menos favorecidas da população. Patusco também defendeu a criação de empresa nacional para complementar e oferecer recursos às empresas operadoras existentes. “Exigências de universalização, qualidade, continuidade de serviço, tarifas e bens reversíveis só serão efetivamente possíveis com a adoção da banda larga como serviço público”, concluiu
Participaram, ainda, do seminário: Anna Hoffmann, Assessora de Projetos Especiais da Firjan; Jacques Benain, presidente da Trópico- Consórcio Gente ; Eduardo Levy Cardoso Moreira, diretor executivo do SindiTelebrasil; Jarbas Valente, conselheiro da Anatel; Celso Schroder, coordenador geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Caio Bonilha, presidente da Telebrás.
(*) Texto publicado originalmente na página do Clube de Engenharia do Rio de JAneiro.

Da série: para pensar...


Quando quatro corporações (Viacom, Disney, AOL Time-Warner e Rupert Murdoch) concentram 90% da produção de jornais, rádios, televisão, teatro e cinema, fica descaracterizada qualquer possibilidade de democracia nos meios de comunicação.
No Brasil, seis grupos controlam 667 estações de rádio e televisão. A informação produzida por este oligopólio é manipulada e envenenada de acordo com interesses outros que não os da sociedade.
Os veículos de comunicação da grande mídia limitam-se a transmitir as informações de maneira a agradar a elite político-econômica que a controla.
Para isso, distorce fatos, fabrica versões, descontextualiza acontecimentos e omite detalhes. Espalha o conformismo.
Dessa forma, molda percepções e define estilos de vida. Constrói e sustenta os paradigmas que permitem a manutenção do status quo.
Assim, observa-se uma grave distorção de valores. Em lugar da comunicação ética, voltada para o desenvolvimento social, tem-se uma comunicação voltada única e exclusivamente para o lucro, embora muitas vezes dissimulada por campanhas superficiais, que estimulam o mais baixo tipo de caridade – aquela que meramente consola, conforma e humilha, sem nunca questionar a crescente desigualdade social.
Por isso, perdemos a confiança na grande mídia.
O papel dos meios de comunicação deveria ser democratizar o saber, educar, investigar e denunciar a corrupção. Entretanto, hoje em dia está cada vez mais difícil encontrar tais qualidades numa redação – entregue aos desmandos de empresas que insistem em colocar o lucro acima da vida.
Por isso tudo, desenvolveremos nosso trabalho a partir de duas linhas de ação conjuntas:
> Atuar junto aos que absorvem a informação sem qualquer tipo de questionamento, revelando os interesses político-econômicos que levam à publicação de determinadas notícias, sob determinados ângulos;
> Fornecer informações aos leitores que não são encontradas na grande mídia, fazendo uso de pesquisa e de reportagens com recursos próprios.
Saiba mais sobre nosso método de trabalho e sobre como você pode participar deste processo, acessando Assinatura.

O veneno está na mesa



Sinopse

O Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública.

O perigo é tanto para os trabalhadores, que manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A idéia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Palestras TED: Eli Pariser (Filter bubbles)



Colaboração: Renata Carpenter

Dilma e o presente - Entrevista à revista Carta Capital



Os gravadores ainda estavam desligados, a conversa versava sobre artes plásticas, quando Dilma Rousseff por um instante, pensou em outra vida: "Vocês sabem que eu gostaria de ter sido pintora, não?" Quase no fim da entrevista, ela voltaria ao tema, um de seus preferidos, ao mostrar um livro sobre um grupo de sete pintores canadenses do começo do século passado, sua distração do momento. 

Por Luiz Gonzaga Beluzzo, Mino Carta e Sérgio Lírio*


PR
Dilma e o presente - Entrevista à revista Carta Capital
Presidente Dilma durante visita à estação de teleférico do Morro do Alemão (RJ).
No mais, a presidenta aparentava bom humor. E não havia um motivo específico para tanto. Ao contrário. A terça-feira 9 seria mais um daqueles dias em que o Palácio do Planalto se veria obrigado a reagir à contingência. Logo no raiar do dia, a Polícia Federal havia prendido 36 suspeitos de participar de um esquema de corrupção no Ministério do Turismo, entre eles o secretário-executivo da pasta. 

A operação soma-se a uma profusão de denúncias que culminaram na queda de António Palocci, na faxina nos Transportes e nas demissões na Agricultura. Com resultados agora medidos sobre a aprovação da presidenta e de seu governo. Segundo pesquisa Ibope divulgada no dia seguinte, a popularidade de Dilma recuou 6 pontos percentuais em relação à última medição. O mesmo se deu com o apoio à administração.

No flanco econômico, as bolsas de valores davam uma pequena trégua, mas prenunciavam os próximos dias de terror com o aprofundamento da crise econômica na Europa e o rebaixamento dos títulos da dívida dos Estados Unidos. 

"A situação mudou e o Brasil será obrigado a reagir de forma diferente à nova realidade", afirmou Dilma, sem informar se a mudança em curso significa interromper a alta dos juros para conter uma inflação que já não mostra mais o ímpeto do primeiro semestre. "Pode ser exigido de nós um grande esforço."

A entrevista, em uma antessala do gabinete presidencial, precedeu uma reunião sobre o modelo de concessão de aeroportos a ser adotado pelo governo. Durante a conversa, que durou um pouco mais de uma hora, a presidenta negou que a nomeação de Celso Amorim para a Defesa tenha causado desconforto nas casernas ("Não estamos mais na época das vivandeiras"), afirmou que estádios e aeroportos estarão prontos a tempo para a Copa 2014, expressou-se de forma distante sobre Ricardo Teixeira e garantiu que a Comissão da Verdade será instalada. 

E revelou seu novo projeto na área de saúde, definido por ela como sua mais nova "obsessão": a adoção do home care, atendimento de saúde em casa nos moldes existentes no Reino Unido e nos EUA. "É mais barato, é melhor para as pessoas e pode ser feito em escala maior com um custo fixo muito pequeno e com um custo variável interessante."

A entrevista será publicada em duas partes. A próxima sairá na edição especial 660, que chega às bancas em São Paulo na sexta-feira 19.

CartaCapital: Aquela simpatia inicial da mídia em relação à senhora parece ter passado. Há as denúncias de corrupção, que precisam ser investigadas, mas há também essa tentativa de criar uma tensão do nada, como no caso da nomeação de Celso Amorim para a Defesa. 
Dilma Rousseff: O que acho complicado no Brasil é que os problemas reais perdem espaço para os acessórios, ou para os que não são reais. Isso é muito ruim, porque há uma tendência de as pessoas se importarem mais com o espetáculo do que com a realidade cotidiana das coisas. E normal, talvez por isso, inclusive, que todos gostemos de folhetins. Não posso ficar reclamando. Agora, essa relação com a mídia, não sei se ela não é assim em todos os governos, desconfio que...

CartaCapital: Em todos os governos do Brasil ou do mundo? 
DR: Do mundo. Você tem uma relação contraditória com a mídia. Veja o que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, entre a Fox e o Obama. E há essa coisa horrorosa que é o News ofthe World na Inglaterra. Não acho que eu seja tratada da mesma forma por todos os jornais. Têm grupos de mídia mais suscetíveis a encarar as transformações pelas quais o Brasil passa e têm outros menos suscetíveis. Não acho que o governo deva se pautar por isso, pela mídia. Isso não significa não dar importância. Dou importância e tenho obrigação de responder e levar em consideração as demandas. Agora, não vou gastar nisso todo o meu tempo, que é político. Tenho de gastar meu tempo tratando dos assuntos que resolvem problemas do País.

CartaCapital: Mas nas últimas semanas, a começar pela crise nos Transportes até a mais recente, na Agricultura, o seu governo parece apenas reagir a uma série de denúncias de corrupção publicada pela mídia. 
DR: Afastamos as pessoas quando achamos que o caso era grave. Não acho que somos pautados pela mídia em nenhum desses casos. Nem na história dos Transportes, nem da Agricultura ou de qualquer outro caso que por ventura ocorra, não temos o princípio de ficar julgando as pessoas, fazendo com que elas provem que não são culpadas. Somos a favor daquele princípio da Revolução Francesa, muito civilizado, que cabe a quem acusa provar a culpa de quem é acusado. Mas não acho que o governo deva abraçar processos de corrupção. Por razões éticas, mas também por conta de outro fator: um governo que se deixa capturar pela corrupção é altamente ineficiente. É inadmissível diante de tão pouco dinheiro que temos para fazer as coisas. Então, por uma questão não só ética e moral, mas de eficiência, você é obrigado a tomar providência.



Para ler a entrevista na íntegra: Revista Carta Capital

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Londres em chamas

Entrevista


'Foi um motim de consumidores excluídos', diz sociólogo Zygmunt Bauman




Controntos na periferia de Londres,: Hackney foi um dos bairros atingidos/AFP

LONDRES - Um dos mais influentes acadêmicos europeus, já descrito por alguns comentaristas mais entusiasmados como o mais importante sociólogo vivo da atualidade, o polonês Zygmunt Bauman viu nos distúrbios de Londres uma aplicação prática de suas teorias sobre o papel do consumismo na sociedade pós-moderna. Um assunto que o acadêmico, radicado em Londres desde 1968, quando deixou a Polônia após virar persona non grata para o regime comunista e por conta de uma onda de anti-semitismo no país, explorou bastante em conjunção com as discussões sobre desigualdade social e ansiedade de quem vive nas grandes cidades.
Aos 85 anos, autor de dezenas de livros, como "Amor líquido" e "O mal-estar da pós-modernidade", Bauman não dá sinais de diminuir o ritmo. Há cinco anos, no lançamento de "Vida para Consumo", uma de suas obras mais populares, fez uma turnê por vários países. Em entrevista ao GLOBO, por e-mail, ele afirma que as imagens de caos na capital britânica nada mais representaram que uma revolta motivada pelo desejo de consumir, não por qualquer preocupação maior com mudanças na ordem social.
- Londres viu os distúrbios do consumidor excluído e insatisfeito.
O GLOBO: O quão irônico foi para o senhor ver os distúrbios se concentrando na pilhagem de roupas e artigos eletrônicos?
ZYGMUNT BAUMAN: Esses distúrbios eram uma explosão pronta para acontecer a qualquer momento. É como um campo minado: sabemos que alguns dos explosivos cumprirão sua natureza, só não se sabe como e quando. Num campo minado social, porém, a explosão se propaga, ainda mais com os avanços nas tecnologias de comunicação. Tais explosões são uma combinação de desigualdade social e consumismo. Não estamos falando de uma revolta de gente miserável ou faminta ou de minorias étnicas e religiosas reprimidas. Foi um motim de consumidores excluídos e frustrados.
O GLOBO:Mas qual a mensagem que poderia ser comunicada?
BAUMAN: Estamos falando de pessoas humilhadas por aquilo que, na opinião delas, é um desfile de riquezas às quais não têm acesso. Todos nós fomos coagidos e seduzidos para ver o consumo como uma receita para uma boa vida e a principal solução para os problemas. O problema é que a receita está além do alcance de boa parte da população.
O GLOBO:Trata-se de um desafio a mais para as autoridades na tarefa de acalmar os ânimos, não?
BAUMAN: O governo britânico está mais uma vez equivocado. Assim como foi errado injetar dinheiro nos bancos na época do abalo global para que tudo voltasse ao normal - isso é, as mesmas atividades financeiras que causaram a crise inicial - as autoridades agora querem conter o motim dos humilhados sem realmente atacar suas causas. A resposta robusta em termos de segurança vai controlar o incêndio agora, mas o campo minado persistirá, pronto para novos incêndios. Problemas sociais jamais serão controlados pelo toque de recolher. A única solução é uma mudança cultural e uma série de reformas sociais. Senão, a mistura fica volátil quando a polícia se desmobilizar do estado de emergência atual.
O GLOBO:Jovens de classe baixa reclamam demais da falta de oportunidades de trabalho e educação. O senhor estranhou não ter visto escolas pegando fogo, por exemplo?
BAUMAN: Qualquer que seja a explicação dada por esses meninos e meninas para a mídia, o fato é que queimar e saquear lojas não é uma tentativa de mudar a realidade social. Eles não se rebelaram contra o consumismo, e sim fizeram uma tentativa atabalhoada de se juntar ao processo. Esses distúrbios não foram planejados ou integrados, como se especulou no início. Tratou-se de uma explosão de frustração acumulada. Muito mais um porquê que um para quê.
O GLOBO:Mesmo o argumento de protesto contra os cortes de gastos do governo não deve ser levado em conta?
BAUMAN: Até agora, não percebi qualquer desejo mais forte. O que me parece é que as classes mais baixas querem é imitar a elite. Em vez de alterar seu modo de vida para algo com mais temperança e moderação, sonham com a pujança dos mais favorecidos.
O GLOBO:Mais problemas são inevitáveis, então?
BAUMAN: Enquanto não repensarmos a maneira como medimos o bem-estar, sim. A busca da felicidade não deve ser atrelada a indicadores de riqueza, pois isso apenas resulta numa erosão do espírito comunitário em prol de competição e egoísmo. A prosperidade hoje em dia está sendo medida em termos de produção material e isso só tende a criar mais problemas em sociedades em que a desigualdade está em crescimento, como no Reino Unido.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/08/12/foi-um-motim-de-consumidores-excluidos-diz-sociologo-zygmunt-bauman-925126381.asp#ixzz1VJcf7flk 
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pontos dos princípios reforçam dúvidas




A credibilidade passou a ser um elemento absolutamente crítico no “mercado” da notícia. O monopólio dos velhos formadores de opinião não existe mais. Não é sem razão que as curvas de audiência e leitura da velha mídia estejam em queda e o “negócio”, no seu formato atual, ameaçado de sobrevivência.
Na contemporaneidade, são muitas as fontes de informação disponíveis para o cidadão comum e as TICs ampliaram de forma exponencial as possibilidades de checagem daquilo que está sendo noticiado. Sem credibilidade, a tendência é que os veículos se isolem e “falem”, cada vez mais, apenas para o segmento da população que compartilha previamente de suas posições editoriais e busca confirmação diária para elas, independentemente dos fatos.
O escândalo do News of the World explicitou formas criminosas de atuação de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, destruiu sua credibilidade e levantou a suspeita de que não é só o grupo de Murdoch que pratica esse tipo de “jornalismo”. Além disso, a celebrada autorregulamentação existente na Inglaterra – por mais que o fato desagrade aos liberais nativos – comprovou sua total ineficácia. As repercussões de tudo isso começam a aparecer. Inclusive na Terra de Santa Cruz.
Os Princípios da Globo
No Brasil ainda não existe sequer autorregulamentação e as Organizações Globo, o maior grupo de mídia do país, não tem um único ombudsman em suas dezenas de veículos para acolher sugestões e críticas de seus “consumidores”. Neste contexto, a divulgação de princípios editoriais – sejam eles quais forem – é uma referência do próprio grupo em relação à qual seu jornalismo pode ser avaliado. Não deixa de ser um avanço.
A questão, todavia, é que o histórico da Globo não credencia os Princípios divulgados. Em diferentes ocasiões, ao longo dos últimos anos, coberturas tendenciosas que se tornaram clássicas foram documentadas. E alguns pontos reafirmados e/ou ausentes dos Princípios agora divulgados reforçam dúvidas. Lembro dois: a presunção de inocência e as liberdades “absolutas”.
Presunção de inocência
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, adotado pela FENAJ, acolhe uma garantia constitucional (inciso LVII do artigo 5º) que tem origem na Revolução Francesa e reza em seu artigo 9º: “a presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística”.
Não é necessário lembrar que o poder da velha mídia continua avassalador quando atinge a esfera da vida privada, a reputação das pessoas, seu capital simbólico. Alguém acusado e “condenado” pela mídia por um crime que não cometeu dificilmente se recupera. Os efeitos são devastadores. Não há indenização que pague ou corrija os danos causados. Apesar disso, a ausência da presunção de inocência tem sido uma das características da cobertura política das Organizações Globo.
Um exemplo: no auge da disputa eleitoral de 2006, diante da defesa que o PT fez de filiados seus que apareceram como suspeitos no escândalo chamado de “sanguessugas”, o jornal O Globo publicou um box de “Opinião” sob o título “Coerência” (12/8/2006, Caderno A pp.3/4) no qual afirmava:
“Não se pode acusar o PT de incoerência: se o partido protege mensaleiros, também acolhe sanguessugas. Sempre com o argumento maroto de que é preciso esperar o julgamento final. Maroto porque o julgamento político e ético não se confunde com o veredicto da Justiça. (…) Na verdade, a esperança do PT, e de outros partidos com postura idêntica, é que mensaleiros e sanguessugas sejam salvos pela lerdeza corporativista do Congresso e por chicanas jurídicas. Simples assim.”
Em outras palavras, para O Globo, a presunção de inocência é uma garantia que só existe no Judiciário. A mídia pode denunciar, julgar e condenar. Não há nada sobre presunção de inocência nos Princípios agora divulgados.
Aparentemente, a postura editorial de 2006 continua a prevalecer nas Organizações Globo.
Liberdades absolutas?
Para as Organizações Globo a liberdade de expressão é um valor absoluto (Seção I, letra h) e “a liberdade de informar nunca pode ser considerada excessiva” (Seção III).
Sem polemizar aqui sobre a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa – que não é mencionada sequer uma única vez nos Princípios – lembro que nem mesmo John Stuart Mill considerava a liberdade de expressão absoluta. Ela, como, aliás, todas as liberdades, têm como limite a liberdade do outro.
Em relação à liberdade de informar, não foi exatamente o fato de “nunca considerá-la excessiva” que levou a News Corporation a violar a intimidade e a privacidade alheia e a cometer os crimes que cometeu?
O futuro dirá
Se haverá ou não alterações na prática jornalística “global”, só o tempo dirá. Ao que parece, as ressonâncias do escândalo envolvendo o grupo midiático do todo poderoso Rupert Murdoch e a incrível capilaridade social da blogosfera, inclusive entre nós, já atingiram o maior grupo de mídia brasileiro.
[Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, Poder e Direitos; Editora Paulus, 2011]