terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Jill Abramson e a difícil adaptação do jornalismo à era digital

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O livro da ex-editora do NY Times
Parte memória, parte autópsia
Autora foi devorada pelo objeto

THOMAS TRAUMANN 
26.fev.2019 (terça-feira) - 5h50

O jornalismo, diz um velho adágio, é o primeiro rascunho da História. É uma descrição parcial dos fatos enquanto eles se desenrolam, um testemunho sob o risco das premissas erradas, das conclusões apressadas e das fontes interessadas. Fazer dessas dificuldades bons rascunhos de um momento é uma arte.
Ex-diretora de redação do diário The New York Times, a americana Jill Abramson sabia de tudo isso e ainda aumentou o grau de dificuldade. No livro “Merchants of Truth: The Business of News and The Fight For Facts“ (“Mercadores da Verdade: O Negócio da Notícia e a Luta pelos Fatos”), lançado no início do mês, Abramson conta os mortos e feridos dos últimos dez anos de transformações da mídia americana e tenta adivinhar o futuro. É sombrio.

O livro se reparte na trajetória de quatro veículos, os tradicionais jornais The New York Times e Washington Post e os nativos digitais BuzzFeed e Vice. É como descrever a Era do Gelo. As duas primeiras espécies são ícones da imprensa de um tempo que acabou. Fundado em 1851, o NYT criou o padrão do melhor jornalismo do século 20. As reportagens do escândalo de Watergate do WP derrubaram o presidente Richard Nixon.

Do outro lado, as evoluções que nasceram e cresceram na internet. Criado por um gênio do clickbait, o BuzzFeed passou de um site de entretenimento para um player sério na disputa de furos de reportagens. O Vice, originado de uma revista canadense para jovens, virou de cabeça para a baixo a cobertura jornalística por vídeo. Nesse ambiente de disputa pela sobrevivência há uma crise econômica e um presidente eleito com o discurso do descrédito da mídia.

Merchants tem um tom de tragédia. É parte memória da primeira mulher a dirigir o principal jornal do mundo e parte a autópsia de uma profissão sob ameaça de extinção. Não haverá no futuro um veículo como o NYT de Abramson e o lamento dela em contar essa verdade é evidente. As idas-e-vindas do NYT e o WP dos últimos anos são contadas com um misto de cumplicidade. Já as trajetórias dos meios digitais ecoam o estranhamento de um etnógrafo em meio a uma tribo desconhecida.

Abramson é minuciosa em demonstrar os riscos que o jornalismo independente corre em anos de penúria. São varias as histórias de listas do BuzzFeed patrocinadas, reportagens derrubadas na Vice em troca de anúncios, cadernos especiais criados no NYT pelo departamento de publicidade e matérias sem notícia no site do WP criadas apenas para gerar tráfego na rede. A autora é sólida ao mostrar como a queda do faturamento subjuga os interesses jornalísticos e torna opaca a relação dos veículos com o público.

Ela também não poupa os episódios risíveis das oportunidades perdidas dos jornais para se adaptar à internet. O Washington Post deixou passar a chance de comprar parte do Facebook em 2005, não apostou em seus repórteres que criaram o site Politico e, por anos, manteve as redações do jornal imprenso e do online em cidades diferentes. Só depois de enterrar milhões de dólares em prejuízo, o NYT deixou de considerar seu site um mero espelho do jornal impresso.

Enquanto avalia o negócio da mídia, Merchants é fabuloso. Para cada oportunidade desperdiçada pelos veículos tradicionais, Abramson mostra como os sites Huffington Post e BuzzFeed compreenderam e assimilaram a linguagem do Google e do Facebook para atrair público e alcançar lucro a partir de gastos mínimos.

Ao mesmo tempo, ela explica a lógica empresarial que fez com que BuzzFeed e Vice passassem a investir em jornalismo de qualidade para ganhar credibilidade. Essa dicotomia entre volume de interações nas redes sociais e influência nas grandes decisões do poder vale o livro.

O orgulho, no entanto, é um pecado difícil de largar. Há um tom de superioridade da editora de 64 anos ao falar dos jovens repórteres digitais. Eles são descritos menos pelos seus furos de reportagem e mais pelas cores de seus cabelos, suas botas de cano alto e suas roupas com pintas de oncinhas. Houve troco.

Logo depois do lançamento, um repórter da Vice apontou no Twitter uma dúzia de casos de trechos de reportagens de vários veículos publicadas no livro sem citação de fonte. A autora primeiro negou o plágio, depois informou que as fontes estavam citadas ao final do livro e, finalmente, que iria fazer as correções em uma nova edição.

Tarde demais. A série de tuítes se tornou viral, afetou a credibilidade de Abramson e ganhou mais destaque que o próprio livro. É uma ironia. A autora de um livro-reportagem que busca decifrar o novo mundo da notícia terminou devorada pelo seu objeto de estudo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

China na liderança do 5G

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A tecnologia 5G está às vésperas do lançamento, e a China está caminhando para dominar esse mercado. A ferramenta para isso é uma gigantesca rede de fibra ótica interligando Ásia e Europa (incluindo aí a Rússia) em paralelo a uma malha ferroviária, tudo financiado pelos chineses. A rede ótica é crucial para transmitir a gigantesca quantidade de dados envolvendo a conexão 5G, e, como dona da rede, a China terá o poder de escolher que equipamentos irão se conectar a ela. A expectativa é que fabricantes chineses como a Huawei tenham prioridade ou mesmo exclusividade. E os EUA ainda não têm um plano para reagir a isso. (Wired)

https://www.wired.com/story/china-will-likely-corner-5g-market-us-no-plan/


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

More Important, But Less Robust? Five Things Everybody Needs to Know about the Future of Journalism

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FIVE THINGS EVERYBODY NEEDS TO KNOW ABOUT THE FUTURE OF JOURNALISM


1
First, we have moved from a world where media organisations were gatekeepers to a world where media still create the news agenda, but platform companies control access to audiences.
2
Second, this move to digital media generally does not generate filter bubbles. Instead, automated serendipity and incidental exposure drive people to more and more diverse sources of information.
3
Third, journalism is often losing the battle for people’s attention and, in some countries, for the public’s trust.
4
Fourth, the business models that fund news are challenged, weakening professional journalism and leaving news media more vulnerable
to commercial and political pressures.

5
Fifth, news is more diverse than ever, and the best journalism in many cases better than ever, taking on everyone from the most powerful politicians
to the biggest private companies.


https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-01/Nielsen_and_Selva_FINAL_0.pdf

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Apple tem dificuldades para emplacar seu novo serviço de notícias

Apple tem dificuldades para emplacar seu novo serviço de notícias

Apple News deve ser lançado em março
Jornais se distanciam do projeto
Tim Cook, CEO da Apple, quer usar a futura ferramenta para suprir a diminuição de vendas do iPhone 

13.fev.2019 (quarta-feira) - 21h30
A Apple planeja lançar o seu serviço de assinatura de notícias em 25 de março, segundo o portal BuzzFeed. O Apple News, nome escolhido pela empresa, virá como 1 serviço para ajudar a impulsionar as vendas do iPhone, que vêm desacelerando.
Porém, como noticiado pelo Wall Street Journal, o CEO da Apple, Tim Cook, tem enfrentado resistência de grandes jornais, que estariam reticentes em assinarem a futura plataforma paga da companhia.
A ideia de Cook é usar o Apple News para incrementar a receita da empresa, que viu seu faturamento diminuir no último trimestre do ano passado. A ferramenta vai ser útil financeiramente nos moldes do iTunes, por exemplo, que é o serviço pago de músicas da marca da maçã.
A questão é que os editores não veem com bons olhos a manobra de entregar parte do feed de notícias para uma companhia de tecnologia. Pesa contra também a estratégia da Apple de arrecadar 50% do valor das assinaturas e dividir a outra metade entre todos os jornais assinantes com base no número de visualizações que cada 1 vai entregar.
Os editores enxergam essa divisão como algo que pode não ser muito rentável. O próprio Wall Street, por exemplo, fatura US$ 40 para cada assinatura mensal de sua versão digital. Parece difícil que eles consigam receber muito mais que esse valor.
Há o risco de que os periódicos percam assinantes para a Apple por pagarem 1 valor proporcionalmente menor para uma maior quantidade de jornais.
Por último, uma dúvida dos editores é saber se vale a pena entrar em uma negociação que pode render 1 pouco mais aos jornais e ao mesmo tempo abrir mão do relacionamento direto com clientes e designs personalizados.
Autores
PODER360 enviar e-mail para Poder360  Poder360

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

As Tendências das Mídias Sociais para 2019

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As Tendências das Mídias Sociais para 2019

A turma da Kantar Ibope Media mergulhou em uma série de pesquisas e estudos para entender o estado atual da influência de algoritmos e redes sociais na publicidade e como nos relacionamos com as marcas no mundo digital. O relatório, que começou a ser divulgado hoje, aponta algumas tendências para o ano. Plataformas devem começar a oferecer a opção de fugir do algoritmo. O Twitter por exemplo, liberou recentemente uma opção em que todos os tweets de quem você segue aparecem, sem filtro algorítmico. Marcas voltam a investir em canais próprios de mídia, fortalecendo o vínculo direto e o engajamento com o público e reduzindo sua dependência das redes sociais. Por outro lado o comércio social cresce, com algumas plataformas se tornando cada vez mais pontos de venda, como o Instagram Shopping ou o Shop the Look do Pinterest. Já para os influenciadores, a aposta é que terão um ano difícil por conta da perda de confiança que tiveram com o excesso de ações nos últimos anos.

https://www.kantaribopemedia.com/as-tendencias-das-midias-sociais-para-2019-download-ok/?utm_source=meio&utm_medium=email

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

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New York Times segue mostrando que é possível ganhar dinheiro com (bom) jornalismo na internet. O jornal divulgou seu balanço consolidado de 2018, revelando que obteve um faturamento de US$ 709 milhões com as plataformas digitais, entre anúncios e assinaturas, o que corresponde a 40% do faturamento total de US$ 1.748 bilhão no ano passado. O resultado deixa a empresa mais perto da meta de faturar anualmente US$ 800 milhões com o digital até 2020.

http://www.niemanlab.org/2019/02/the-new-york-times-is-getting-close-to-becoming-a-majority-digital-company/?utm_source=Daily+Lab+email+list&utm_campaign=69582c8dad-dailylabemail3&utm_medium=email&utm_term=0_d68264fd5e-69582c8dad-395836841
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O Spotify anunciou a compra da Gimlet Media e da Achor, duas das maiores plataformas de podcasts da atualidade. Segundo Daniel Ek, CEO do Spotify, o formato será responsável por 20% do consumo de conteúdo não-musical no futuro próximo, competindo diretamente com todas as formas de entretenimento. A Gimlet produziu, entre outros, o podcast Homecoming, transformado em série pela Amazon.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Mercado cinematográfico brasileiro 2018

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O brasileiro foi menos ao cinema em 2018. Segundo dados da Ancine, o total de pagantes no ano passado foi de 161 milhões, vinte milhões a menos que os 181 milhões de 2017. A queda maior foi no público para filmes estrangeiros, uma vez que os filmes nacionais tiveram uma plateia 25,3% maior em 2018, puxados por Nada a perder, a cinebiografia do bispo Edir Macedo. Por outro lado, o país tem hoje o maior número de salas de cinema, 3.356, desde a década de 1970. Veja a íntegra do informe da Ancine.

E não foram só os cinemas que perderam público. As empresas de TV por assinatura viram sua carteira de clientes encolher 3,03% em 549.833 assinantes em 2018, de acordo com dados da Anatel (veja a íntegra). Embora o número seja ruim, é uma perda menor que a registrada em 2017: 938,7 mil.

https://oca.ancine.gov.br/informe-anual-preliminar-2018