segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Microsoft dá guinada em direção à mobilidade para se reinventar


  • Acossada por Apple e Google, a empresa de Bill Gates muda de estratégia e investe em dispositivos móveis
  • ANDRÉ MACHADO (EMAIL)
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Diretor-executivo Steve Ballmer durante a apresentação do Windows 8
Foto: Richard Drew / AP
Diretor-executivo Steve Ballmer durante a apresentação do Windows 8 Richard Drew / AP
RIO — O mundo da Microsoft mudou, e muito. Antes a dona do pedaço no setor de tecnologia — em 1999 chegou a ter o maior valor de mercado da história para uma empresa americana, US$ 620,5 bilhões (batido pela Apple em 2012, com US$ 623,1 bilhões) —, passou os últimos anos tentando se reinventar para fazer face a uma indústria de tecnologia totalmente diferente dos tempos em que o software imperava. O advento da internet móvel, em smartphones e tablets, e a cultura dos serviços de nuvem web e mídias sociais, com Google e Facebook à testa, acordou o gigante fundado por Bill Gates e Paul Allen para uma nova era.
Na tentativa de se adaptar aos tempos atuais, a Microsoft fez vários movimentos: primeiro, a aliança com a Nokia a partir de 2011 para tentar firmar o Windows Phone face à concorrência de iOS e Android; no mesmo ano, veio a compra do serviço de voz sobre internet Skype; finalmente, o Windows 8, lançado em outubro passado, representou uma verdadeira revolução na interface de janelas tão conhecida dos usuários, combinando funções desktop e de touch. A guinada em direção à mobilidade se completa com a chegada (lá fora, ainda não há planos para cá) dos tablets Surface e Surface Pro, que pretendem entrar na corrida com as outras gigantes pela preferência do usuário.
— Realmente houve uma mudança de estratégia para nós — admite Cristina Palmaka, diretora de Canais para o Consumidor da Microsoft Brasil, em entrevista ao GLOBO. — A Microsoft, que sempre foi uma empresa de software, percebeu que não poderia ser feliz, nem completa se não investisse na parte de dispositivos móveis e serviços. Claro, o software permeia tudo isso, mas é agora inerente à nova estratégia.
Segundo Cristina, a presente realidade techie vem transformando a maneira como a empresa se dirige ao mercado.
— As novas tendências mudam nossas conexões com os fabricantes de hardware, e mudam também nossa forma de olhar o próprio software, que tem de ser integrado aos diversos dispositivos. A ideia do Surface faz parte disso. É um momento desafiador e único — avalia.
As novidades, entretanto, ainda não calaram fundo na alma dos consumidores. Recentemente, Walt Mossberg, um dos mais respeitados críticos americanos, fez uma crítica ao Surface Pro, definindo-o como um dispositivo que fica no meio do caminho entre um notebook e um tablet, não satisfazendo nenhum dos dois propósitos. Os resultados das vendas do Surface não fizeram parte do anúncio dos resultados dos lucros da Microsoft no último trimestre (que recuaram 3,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 6,4 bilhões), mas, segundo a Reuters, a consultoria IDC as estimou em apenas 900 mil unidades (contra 23 milhões de iPads vendidos pela Apple no mesmo trimestre). E a fatia de mercado do Windows Phone ainda é 2%, bem abaixo de Android e iOS, segundo a mesma consultoria.
Apesar disso, a Microsoft segue firme com as vendas do Windows e do Office, em especial as corporativas. O sistema operacional continua em 90% dos computadores pessoais no mundo. No último trimestre, elas aumentaram 24%, faturando US$ 5,9 bilhões, puxadas pela chegada do Windows 8, que vendeu 60 milhões de licenças, em linha com o resultado inicial da versão anterior, o Windows 7.
— Mesmo com crescimento baixo nas novas frentes, a força da Microsoft no mercado corporativo e nos PCs consegue mantê-la bem — avalia Roberto Nogueira, professor e coordenador do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação da Coppead/UFRJ.
Segundo Nogueira, desde o início da era dos PCs a empresa se firmou nesse padrão de mercado, primeiro nos anos 80 com o MS-DOS, e depois com o Windows (cuja interface gráfica já não era novidade, pois surgiu no PARC da Xerox nos anos 70 e já era usada nos Macs) nos anos 90.
— Ela conseguiu se tornar um padrão para os usuários, e consequentemente, os desenvolvedores começaram a programar massivamente para o seu sistema. Assim, apesar de não ter o melhor produto, nem o mais barato, conseguiu se estabelecer e dominar o mercado de PCs — diz.
A dificuldade da Microsoft, para o especialista, está ligada ao fato de nunca ter realmente apresentado inovações, ter sido sempre uma seguidora.
— Quando a internet chegou, em meados dos anos 90, Bill Gates desdenhou dela inicialmente — lembra Nogueira. — Só depois lançou o navegador Internet Explorer, que tirou o Netscape no mercado. Agora, perdeu o bonde da mobilidade, e foi preciso uma parceria com a Nokia para que pudesse aparecer um pouquinho no jogo.
Segundo Marcos Cavalcanti, coordenador do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie) da Coppe/UFRJ, a Microsoft está meio perdida, atirando para todos os lados, porque ainda se apega a seu modelo original e não se apercebe de dois fatores fortes de mudança: a digitalização da economia e as redes de usuários.
— A estratégia da Microsoft sempre foi proprietária, preconizando que o usuário se valesse apenas de seus produtos, e não liberando muito acesso. Sempre resistiu à gratuidade, ao contrário de uma empresa como a Google, que pensou em atrair o máximo de pessoas para seu serviço, gratuitamente, de modo que se constituíssem redes de usuários, com interação entre as pessoas, para depois faturar com o modelo de anúncios personalizados — explica.
O dinheiro, diz Cavalcanti, é ganho hoje com as informações obtidas dos usuários — quem interage com quem, os gostos, os desejos, os planos, e assim por diante.
— Google e Facebook estão correndo atrás disso, se enchendo de dados, enquanto a Microsoft ainda não mudou — afirma.
A gigante do software, no entanto, está correndo atrás com afinco. A chave da aposta, para Cristina Palmaka, é a integração de seu ecossistema.
— O Windows 8 é emblemático aí, por ser um sistema que abrange múltiplas plataformas (PC, tablet, smartphone, até o Xbox) e permite a integração entre elas. Por exemplo, com o usuário assistindo a um filme que pode começar na TV e passar para o tablet ou celular. — afirma Cristina. — E também estamos atento aos serviços de nuvem para concorrer com a Google — o Windows Phone 8, o Windows 8 e o novo Office estão todos pautados pelo uso da computação em nuvem.
Celso Wisnik, gerente geral de Windows Phone no Brasil, lembra que a estratégia atual da Microsoft visa ainda a incrementar o lado do desenvolvimento de software.
— O Windows Phone 8 e o Windows 8 partem do mesmo núcleo, o que oferece uma vantagem aos desenvolvedores, pois é possível reaproveitar parte do código — diz Wisnik.

Felicidade Facebook


Coluna de Joaquim Ferreira dos Santos


Sorria, você está na nova Barra da Tijuca espiritual, o novo nirvana de onde quero mandar fotos chutando chapinha em Paris


Ah, quem me dera tamanha glória e júbilo, a felicidade dos que navegam sorridentes no Instagram, no Facebook e no que mais for inventado no decorrer desta semana. Como é bem-sucedida essa gente que carrega um celular em cada bolso, os novos tambores para comunicar aos seus 2,5 mil amigos que vai tudo bem. A comida à mesa é farta, o cenário das férias é paradisíaco, e quando se chega em casa lá está o gatinho balançando o rabo, o cachorro se fingindo de mal-humorado. Todos anunciando em miados, latidos e centenas de fotos que aqui mora uma família bem construída — e, antes que pensem o contrário, antes que o maridão seja pego logo mais no bafômetro, isso precisa ser divulgado nas redes sociais.

Eu já quis viver de brisa numa praia do Nordeste, ser barbaramente carnavalizado pelos amores perfumados das três mulheres do sabonete Araxá. Sonhei em ter a grana do Eike e torrá-la sem dó. Desisti. Tudo isso dá muito trabalho. O Nordeste é longe, o desequilíbrio ambiental tornou a brisa rarefeita. Três mulheres seriam demais para minhas precariedades ambulatoriais. A grana do Eike, segundo os últimos pregões da Bolsa, é cada vez menor, e isso — chora, doutor, chora — dá um medo de ficar pobre que apavora.

De nada mais disso quero e daqui distribuo aos carentes, como se fossem saquinhos de Cosme e Damião, o pífio prazer desses valores antigos. As camisas bem cortadas do Xico Sá, o backhand do Djokovic, o ponto e vírgula do Rubem Braga. Não, obrigado.

Eu quero o êxtase moderno de me deixar ser visto, em tempo real, diante do pôr do sol de Kokomo, tendo na frente dele apenas as curvas estonteantes desse meu novo amor e sua expressão de gata visivelmente saciada.

Eu quero que não reste a menor dúvida em cada foto. Deus me tem sido justo, e o filtro, que baixei ontem de um site francês, deixa meus filhos ainda mais bonitos do que os seus.

Ah, como essa gente é bem resolvida com suas euforias triviais. São os novos malabaristas do bem-estar em seu número de felicidade diante de quem quiser assistir o que lhe vai na sala de recepção. Quem sou eu, primo, para usufruir a delícia de tamanho tédio de contentamento existencial e em seguida, sem impedimentos geográficos, em Londres ou no Leblon, ter a jabuticabeira que acabei de regar na varanda da cobertura compartilhada por quem alhures me espiona e quer mal.

Quem me dera estar sempre viajando por uma praia escondida no mapa. Longe de tudo, mas não o suficiente para que o sinal de internet ribombe pleno por lá e armazene, depois envie para serem compartilhados com muitos :), os megabytes da foto onde eu, você, nós dois, demonstramos já ter um futuro escrito em nossas pernas entrelaçadas.

Ah, como são superiores esses seres desprovidos da caretice antiga. Ninguém teme mais o mico, o senso de ridículo ou qualquer idiossincrasia repressiva. Divulgam na maior o paraíso em que supõem viver, todos despudoradamente empenhados em compartilhar a Felicidade Facebook, aquela que reescreve com Photoshop a brutalidade cotidiana. Não é mais o drama da vida como ela é, mas a vida passada a limpo. Ninguém sorri amarelo. É a terra prometida, a tela digital onde ninguém sofre ou se diz pobre pierrô abandonado. Vale o que está fotografado, e alguém acabou de postar as lindas pernas da esposa na piscina.

Quão feliz eu seria em fazer parte dessa multidão que tecla sem pudor as legendas da intimidade amorosa, do bolo de fubá no café da manhã, e manda às favas os que receitam etiquetas antigas de discrição na exibição do doméstico e da saúde. Quão desapegado eu ainda preciso ser do pundonor macambúzio que me vem do tempo dos vice-reis e a cada minuto sussurra “menos, bicho” ou “não seja ridículo, cara”. São expressões de outrora que só me atravancam a inexorável vontade moderna de mostrar na internet a seleção dos meus melhores momentos.

Sorria, você está no Facebook, e esta é a nova Barra da Tijuca espiritual, o novo nirvana de onde quero mandar minhas fotos chutando chapinha em Paris, nem aí para o IPTU, o IPVA e todas as siglas do mundo não-Instagram. Se não existe amor em SP, como quer o Criolo, não existe drama no FB. Nunca fomos tão felizes, e é preciso que essa ilusão se espalhe e me convença.

Ah, quem me dera abrir o dia postando o pôr do sol que o Criador colocou em frente à minha janela e gritar, novamente com um sorrisinho, :), um fofo “acorda Maria Bonita” para todas as minhas amigas do Feici.

Os homens sérios acham tudo isso de uma profunda deselegância e falta de decoro social, mas eles não sabem como se canta hoje o que é felicidade, meu amor. Quem me dera tamanha bossa nova. A barriga grávida da mulher amada, redondinha, espionada por pessoas das quais eu não tenho a mínima noção, mas torço para que curtam, comentem, compartilhem e depois cantem comigo a velha canção do Roberto, aquela do “eu existo, eu existo”.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Abril Educação compra Wise Up por R$ 877 milhões



FERNANDO SCHELLER - Agencia Estado

SÃO PAULO - A Abril Educação anunciou ontem sua maior aquisição, que representará também a entrada definitiva da companhia no mercado de ensino de idiomas - setor que deve experimentar uma alta procura por causa da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. A Abril Educação pagou R$ 877 milhões pelo controle da Wise Up, rede de idiomas com 338 escolas, 76 mil alunos e que também administra as marcas You Move e Lexical no País.
A negociação vinha sendo costurada há vários meses e havia sido noticiada em agosto pela coluna de Sonia Racy - à época, a Abril negou a informação. O valor desembolsado é de 10,3 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da Wise Up, que ficou em R$ 85,6 milhões no passado. Fontes do setor de educação dizem que se trata de um múltiplo adequado, já que as médias das aquisições do segmento costumam ficar entre 10 e 12 vezes a margem Ebitda.
Outra vantagem, segundo especialistas, é o fato de a Abril ter conseguido pagar parte do valor do acordo em ações e parcelar os desembolsos em dinheiro. A empresa pagará R$ 221 milhões à vista. Mais duas parcelas, de R$ 133 milhões cada, estão previstas para um prazo de quatro e cinco anos. O total pago ficou abaixo das expectativas para o negócio, de R$ 1 bilhão. A Wise Up era considerada um dos melhores ativos disponíveis do segmento.
De maneira geral, os números da operação da Wise Up se comparam positivamente em relação à média do negócios da Abril Educação quando fatores como retorno sobre o capital investido são levados em conta. Entre os atrativos do negócio estão a alta margem de lucro, acima de 50%, e o crescimento do faturamento, que aumentou 17% somente no ano passado.
A expansão da rede da Wise Up foi agressiva nos últimos quatro anos. A rede de franquias praticamente triplicou (passando de 120 para 338 escolas), movimento que foi acompanhado pela receita líquida (que passou de R$ 59 milhões para R$ 163 milhões). No mesmo período, o número de alunos aumentou pouco mais de 100%, passando de 35 mil para 76 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

Aparelhos móveis passam número de seres humanos



Cisco: em 2013 haverá 7 bilhões de dispositivos on-line no planeta

Nós, humanos, seremos minoria na Terra antes que 2013 acabe. De acordo com um estudo da gigante do setor de telecomunicações Cisco, o número de aparelhos móveis com acesso à internet ultrapassará ainda este ano o número de habitantes do planeta, que é de sete bilhões.

Mas a proliferação desses aparelhos não se explica apenas pela popularidade de smartphones e tablets. Grande parte do crescimento se dará pela demanda maior por máquinas que interagem com outros computadores de forma autônoma, como sistemas de rede inteligente de energia (smart grid), câmeras de seguranças e dispositivos médicos.

Ainda segundo o estudo, em 2017 haverá mais de dez bilhões de aparelhos móveis conectados à rede, para uma população projetada para aquele ano de 7,6 bilhões, ou 1,4 para cada pessoa no mundo. Grande parte disso será de aparelhos que “conversam” com outras máquinas, que vão sozinhos superar o número de humanos.

A multiplicação desses aparelhos já em curso é apenas uma prova do potencial da chamada “internet das coisas”, em que objetos tão diversos — de geladeiras a partículas nanométricas — estarão em contato com a rede.

É também um desafio para a forma como os aparelhos se conectam à internet. Segundo o Icann, órgão que regulamenta a distribuição de endereços de IP, os últimos endereços do protocolo de internet vigente, o IPv4, esgotaram-se em 3 de fevereiro de 2011. O fim desses endereços já era esperado há algum tempo e reforçou a urgência da migração para o IPv6, que permite umnúmero quatro bilhões de vezes maior de endereços de internet, mas cuja implementação é cara e trabalhosa.

De acordo com o estudo da Cisco, até 2017 o smartphone vai gerar 2,7 gigabytes (Gb) de tráfego de dados por mês, em média. Este número representa um crescimento quase dez vezes maior do que o atual e certamente exigirá uma robusta melhora na estrutura de internet.

SMARTPHONES: 92% DO TRÁFEGO

A Cisco menciona ainda mudanças dramáticas já em andamento no campo da conexão móvel. O vídeo móvel, por exemplo, já representa mais da metade dos dados transmitidos em todo o mundo. Até 2017, representará cerca de dois terços do total. Já o volume médio de dados consumidos por usuários de smartphone cresceu 81%, de 189 megabytes (Mb) por mês em 2011, para 342Mb mensais em 2012. Além disso, acrescenta a companhia, os smartphones consumiram 92% do tráfego global, apesar de representarem apenas 18% dos aparelhos em uso globalmente.

Cultura de alto a baixo: entrevista com Camille Paglia



 Enquanto trabalha em livro sobre o carnaval baiano, a escritora americana fala sobre sua nova coleção de ensaios, uma análise panorâmica da história da arte que vai do Egito Antigo a ‘Guerra nas estrelas’
Por Mariana Timóteo da Costa, de São Paulo

O canto do carnaval de Salvador transformou Camille Paglia. Em 2009, a convite de Daniela Mercury, a escritora americana subiu num trio elétrico do circuito Barra-Ondina para vivenciar “um exemplo muito raro de um trabalho artístico monumental realizado por uma mulher”, como ela diz em entrevista por telefone de sua casa, na Filadélfia (EUA).

O encantamento por Daniela, o contato com o povo baiano e com o “passado e o presente do Brasil em Salvador” renderam, além de viagens subsequentes ao país, o tema do próximo livro da autora de “Vamps e vadias” (Francisco Alves, 1996) e “Sexo, arte e cultura americana” (Companhia das Letras, 1993).

— Pena que não poderei ir para o carnaval deste ano, queria fazer mais pesquisas — diz Camille, professora da Universidade das Artes da Filadélfia.

Um dos ícones do movimento feminista, com o qual rompeu mais tarde, Camille se mantém perto da polêmica aos 65 anos, como mostra seu livro mais recente, lançado no fim de 2012 nos Estados Unidos, mas ainda inédito no Brasil, “Glittering images: A journey through art from Egypt to Star Wars” (“Imagens brilhantes — Uma jornada pela arte do Egito a Guerra nas estrelas”, em tradução livre).
No livro, ela defende a tese controversa de que nenhum estilo artístico relevante surgiu desde a arte pop. Para isso, analisa 29 obras de períodos diversos, de uma ilustração da rainha egípcia Nefertari, nascida em 1290 a.C., até o filme “A vingança dos Sith”, dirigido por George Lucas em 2005, parte da série “Guerra nas estrelas”.

— Nada do que vi nas artes visuais nos últimos 30 anos foi mais emocionante do que a cena do vulcão de “A vingança dos Sith” — diz Camille.

Na entrevista, ela defende as afirmações mais incisivas do livro, como a de que “as artes plásticas estão definhando” por culpa da falta de criatividade e da voracidade do mercado. Fala também sobre sua relação com o Brasil e o carnaval e comenta o sucesso da literatura erótica dirigida às mulheres, que demonstra que “o sexo ficou muito chato”, provoca.
A senhora diz querer que seu livro seja o primeiro passo para transformar a percepção que “pessoas comuns” têm da arte. Por que essa transformação é necessária?

Ensino arte há 40 anos e estou muito preocupada com a dominância da cultura popular. Adoro a cultura popular, defendo-a desde os anos 1960, quando ela era muito controversa. Fui uma das primeiras na academia americana a ressaltar a importância dos Rolling Stones e da Elizabeth Taylor. Mas o que acontece hoje é que os jovens não conhecem nada além dessa “cultura imediatista”. Eles devem ser educados sobre as grandes pinturas, as grandes escolas e os grandes estilos artísticos. Porque sem conhecimento a cultura se perde, e a imaginação começa a faltar. A cultura está em crise, e as pessoas estão nervosas, ansiosas, distraídas, a mente delas não está focada.

A senhora argumenta, na introdução de “Glittering images”, que Jackson Pollock foi o último grande pintor, a arte pop foi o último estilo significativo, e o trabalho do fotógrafo Robert Mapplethorpe, a última arte essencialmente de vanguarda. Diz ainda que o terceiro episódio da saga “Guerra nas estrelas”, o filme “A vingança dos Sith”, é a manifestação artística mais poderosa, incluindo obras literárias, dos últimos 30 anos. Como defende essas declarações? Nenhum artista se salva?

Não. Me pediram para escrever um material para a exposição que o (museu londrino) Victoria and Albert fará sobre David Bowie. Pesquisei muito e fiquei impressionada: ele é um poeta verdadeiro, um artista visual genuíno, tanto quanto um músico. Pensei: “como éramos inspirados!” Mas quem existe hoje? Katie Perry? Taylor Swift? Lady Gaga? Pensar que milhões e milhões de meninas seguem essa música, que não é muito boa, me preocupa. A imagem delas é tão medíocre. Até Madonna, que foi revolucionária nos anos 1980 e 90, ainda é muito popular, e as pessoas vão aos seus shows. Mas Madonna não faz um trabalho memorável há muito tempo, e isso me preocupa. Não queria incluir um filme no meu livro, mas analisei o de George Lucas porque realmente não achei outra coisa que refletisse a arte contemporânea. Há bons trabalhos sendo feitos, mas, quando olho para eles, consigo pensar em outros dez iguais ou parecidos.

Mesmo na arquitetura e no design?

Há pouco trabalho original sendo feito, exceto na arquitetura comercial. As obras da (arquiteta iraquiana) Zaha Hadid surpreendem, e há outras incríveis. O design industrial também está desabrochando. Mas nas artes plásticas, desculpe, nada. Você pode até ter a sensação de que Damien Hirst está fazendo alguma coisa, com aquelas vacas e caveiras. Mas será que ele acha que aquilo é arte? É fraude! E o pior é que os críticos de hoje, que tendem a mimar o artista, gostam. Daí a obra é vendida a preços exorbitantes e se torna mais importante do que realmente é.

E por que não se produz boa cultura popular hoje em dia?

Acho que é uma mistura de falta de educação e excesso de mercado. Ensinando melhor esses jovens a olharem para a arte, teremos, sim, bons artistas no futuro. Nas artes plásticas, parte do problema é que há muito dinheiro circulando. O mercado se internacionalizou e se tornou um sistema insano, muito materialista. Gente que não conhece nem ama arte passou a investir nela como se fosse a bolsa de valores. As consequências são muitas: hoje, a arte só vira notícia quando um quadro é roubado ou vendido por preços recordes, o que para mim é desastroso. Nas escolas de arte, os jovens já sabem que há muito dinheiro para ser ganho. Existe muita pressão para eles fazerem um tipo de arte que “venda” ou produza “imagens”. Ser hip ou cool virou fundamental, e isso não é bom, porque um artista precisa de um longo tempo para se desenvolver, precisa ficar sozinho e amadurecer.

A senhora fala sobre a importância de se estudar a arte sacra, mas não inclui nenhuma pintura de Cristo no livro. Por quê?

Preferi usar a “Maria Madalena” de Donatello, para mim é uma imagem muito mais impactante. Sou ateia, mas respeito todas as religiões. Hoje o que domina é o humanismo secular, que nos levou a um beco sem saída. Abomino quem desqualifica a religião e a arte religiosa, que sempre disseram muito sobre a relação do indivíduo com o universo e contêm a história de milênios de pensamento humano. Sou uma humanista secular, mas acho que a religião deve ser estudada.

A senhora gosta muito da Bahia, vai muito lá, e é amiga da Daniela Mercury, com quem trabalhará num livro sobre o carnaval. A forma como o brasileiro lida com a arte é diferente?

Acho que a sensibilidade do brasileiro é maior. Sou apaixonada pela Bahia, pelo candomblé, pela relação do povo com a religião, é tudo cheio de simbologia. No chamado mundo desenvolvido ocidental, houve uma redução dessa capacidade de imaginar. O humanismo secular não apenas descartou a importância da religião como diminuiu a importância da arte. Não ofereceu nada em troca aos jovens, que estão sendo criados por pais liberais e progressistas que não querem impor um “antigo moralismo”. Mas em troca não se tem nada. Há um vazio, todo mundo está tomando remédio para ficar bem porque o humanismo secular não é suficiente. Para o humanismo secular funcionar, você precisa oferecer alguma coisa em troca. Você tem que oferecer arte.

E como vai ser o livro sobre carnaval? Por que Daniela Mercury?

Quero escrever um pequeno livro sobre a participação dela na criação do circuito Barra-Ondina no carnaval de Salvador. O livro será escrito em parceria com o historiador baiano Gunter Axt e se baseará na minha experiência do carnaval de 2009, quando fiz o circuito a bordo do trio elétrico de Daniela, a convite dela. Argumentarei que a rota Barra-Ondina é um exemplo muito raro de um trabalho artístico monumental realizado por uma mulher. Pertence também a importantes gêneros de arte moderna, incluindo arte performática, arte de instalação, land art e arte interativa. É uma excelente experiência de imersão popular na arte de rua, que atinge milhões de pessoas.

Como uma das mais atuantes feministas americanas vê o sucesso de “Cinquenta tons de cinza” (Intrínseca) e do filão erótico que pega carona nele? Por que as leitoras fantasiam com um personagem dominador, que controla e sustenta a mocinha?

O sucesso estrondoso de “Cinquenta tons de cinza” me lembra o de “História de O” nos anos 1950 e 60. Só que o segundo era mais lido pelos intelectuais, e o atual, pelas massas. É uma versão mais estilosa dos “Sabrinas” e “Julias” da vida, que atraíam um público de donas de casa e jovens mulheres que normalmente não liam ficção. Como em “Jane Eyre” ou “O morro dos ventos uivantes”, os personagens masculinos são fortes, viris e poderosos, mas ao mesmo tempo feridos de alguma maneira, e são tirados do sério por uma mulher. Há muita diferença e tensão sexual no ar. “Cinquenta tons” é uma versão contemporânea disso. O fato de as mulheres fantasiarem com um personagem que gosta de sexo selvagem sugere que o sexo se tornou muito chato. Depois da revolução sexual na minha geração, o sexo foi banalizado. Critico o fato de o feminismo não ter preservado as diferenças sexuais, elas tornaram-se turvas. As mulheres e os homens de hoje cresceram com a ideia de que a diferença de gêneros não é real. O que isso gerou, e é óbvio pelo sucesso deste livro, é que as mulheres querem mais eletricidade sexual, querem a diferença de novo.

E no Brasil, o que observa?

Acho mais difícil entender a sexualidade no Brasil. Mas sempre me surpreendo como as mulheres aí são poderosas, além de lindas, elas falam num tom de voz baixo. Já os homens se vestem muito mal, são bonitos quando jovens, mas, aos 40 e 50, se largam, ficam com uma barriga imensa. Não entendo muito. As mulheres reclamam também de desinteresse masculino, apesar de serem muito mais sensuais do que as mulheres americanas.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Teles e TVs vão dividir faixa de 700 MHz; leilão será em novembro


  • Governo federal publica nesta quinta-feira portaria autorizando Anatel a compartilhar faixa para fomentar o 4G

MÔNICA TAVARES (EMAIL)


‘Nenhuma televisão vai ser desalojada, nenhuma vai ficar sem o seu espaço’, garante o ministro das Comunicações
Foto: Ailton de Freitas/06-04-2011
‘Nenhuma televisão vai ser desalojada, nenhuma vai ficar sem o seu espaço’, garante o ministro das Comunicações Ailton de Freitas/06-04-2011
BRASÍLIA – O governo publica nesta quinta-feira portaria autorizando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a iniciar o processo que resultará no compartilhamento da faixa de 700 megahertz (MHz) entre o setor de radiofusão e as empresas de telefonia móvel, para ampliar os serviços de banda larga 4G. Ao GLOBO, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, informou que o edital para a licitação dessa frequência deve ser publicado em novembro e o leilão deve ocorrer no primeiro trimestre de 2014. Segundo Paulo Bernardo, as regras do edital vão garantir espaço para a TV digital e para o avanço da banda larga, sem risco de interferência nas transmissões. Além disso, o governo vai impor exigências às empresas que resultem em ampliação dos serviços aos usuários de banda larga e voz.
— Estamos determinando na portaria que sejam asseguradas algumas condições. Nenhuma televisão vai ser desalojada, vai ficar sem o seu espaço. Quem tem outorga vai ter garantida a presença e não vai ter interferência. A Anatel na consulta pública vai ter que demonstrar que isto está resolvido — disse o ministro, referindo-se ao compartilhamento da faixa de 700 MHz.
Processo beneficiará TV digital
Segundo Paulo Bernardo, o processo vai acelerar a digitalização da televisão no país. Ela será antecipada de junho de 2016 para o início de 2015. No Rio, todas as emissoras de TV estarão funcionando somente no sistema digital, segundo ele, até junho de 2015.
O ministro das Comunicações disse que vai propor à presidente Dilma Rousseff que o leilão da faixa de 700 MHz não tenha propósito apenas arrecadador, exigindo das empresas obrigações que assegurem uma maior oferta dos serviços. A fórmula ainda será fechada em discussões com a presidente Dilma e a equipe do Ministério da Fazenda.
Um dos objetivos, explicou ele, é que as principais rodovias do país contem com o sistema de voz, isto é, o sinal para que as pessoas que estejam viajando possam falar ao celular durante todo o percurso, não apenas nas proximidades dos centros urbanos, como ocorre hoje. Para isso, as empresas terão que instalar antenas ou outras redes nas estradas, o que atualmente não é o obrigatório.
Outra exigência é de que nos 800 maiores municípios do país, onde moram aproximadamente 100 milhões de pessoas, as operadoras implantem fibra óptica de forma a poder oferecer banda larga a uma velocidade de 10 megabits por segundo.
Para acelerar a digitalização, o governo já começou a elaborar uma política industrial que incentive a produção de TV e conversores. Com uma política de crédito e incentivos fiscais, o ministro estima que a produção atual de cerca de 12 milhões de televisores por ano pode chegar até 18 milhões. Para ele, a indústria e o comércio vão ter um papel importante neste momento, e ainda haverá o incentivo da Copa do Mundo.
Conversores e Bolsa Família
Paulo Bernardo disse que também está sendo discutida a possibilidade de concessão de subsídio ou até mesmo doação de conversores da TV analógica para a digital para a população carente e cadastrados no Bolsa Família.
— Como eu vou chegar num dia e falar que eu vou desligar a TV analógica, porque vai ter só TV digital? No Brasil existem 10 milhões de pessoas que têm somente TV analógica. Vamos precisar incentivar e vender barato. Hoje um conversor custa R$ 100 e, se for vendido em escala, vai ser mais barato — afirmou o ministro.
O secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins, explicou que, dos 885 municípios do país onde deverá ser antecipada a implantação total da TV digital com a liberação da faixa de 700 MHz, só há risco de problema crítico para as transmissões da TV digital na cidade de São Paulo e em Campinas.
Mas, segundo estudos da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), a situação também é crítica no Rio e em Belo Horizonte. Lins informou que a Anatel vai realizar uma consulta pública sobre destinação de faixa para ouvir todos os interessados, e outras 885 consultas simultâneas em cada uma das cidades.
Medida recomendada pela UIT
O ministro informou que não haverá espaço na frequência de 700 MHz para as transmissões da área de Defesa do país, como propôs a Anatel, porque já contam com um sistema próprio. Ele afirmou que ela já tem fibra óptica para as suas transmissões e vai contar com sistema de satélite.
Na portaria, o governo destaca que a destinação da faixa de 700 MHz para serviços móveis de telefonia é recomendada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), o que na visão do diretor-executivo do SindiTelebrasil, associação das empresas de telecomunicações, Eduardo Levy, vai viabilizar “uma internet com mais qualidade e mais barata para o consumidor”. A Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert) preferiu não comentar a decisão do governo até conhecer o teor da portaria
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Líder religioso negocia compra de duas redes de TV


Thiago Herdy
A Igreja Mundial do Poder de Deus está perto de fechar a compra das redes de TV CNT e da Rede 21. Pessoas próximas à negociação informaram ontem que a venda das duas emissoras está em fase de finalização, e uma das propostas mais viáveis prevê a compra das duas emissoras por meio de leasing – modalidade de contrato que associa a venda ao pagamento em prestações. O financiamento duraria cinco anos. A negociação foi antecipada no fim do mês passado na coluna de Ancelmo Gois no Globo.
A assessoria de imprensa da Igreja Mundial do Poder de Deus confirmou a “possibilidade de compra”, mas disse que não era possível “confirmar, nem negar” a conclusão do negócio. “Aguardamos ainda o posicionamento final do setor jurídico e das lideranças da Igreja para emitir um posicionamento a respeito deste assunto”, informou a assessoria de imprensa. Representantes da direção da CNT não foram localizados. A assessoria da TV Bandeirantes, dona da Rede 21, informou que não iria se pronunciar sobre o tema.
Uma das propostas prevê pagamento de R$ 8 milhões mensais às Organizações Martinez, proprietária da CNT, e de R$ 12 milhões mensais ao Grupo Bandeirantes, que detém a Rede 21. Pelo acordo, os atuais proprietários das emissoras manteriam o controle de parte da programação, como telejornais e outros programas – pelo menos até o fim do pagamento do leasing.
Ressurgido das cinzas
A Igreja Mundial do Poder de Deus é controlada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, ex-pastor da Igreja Universal que seria dono de uma fortuna de US$ 220 milhões, de acordo com levantamento da revistaForbes realizado com base em reportagens de revistas brasileiras e dados da Polícia Federal.
A igreja foi fundada no fim dos anos 90, e o motivo da ruptura com o bispo Edir Macedo, dono da maior igreja evangélica do país, a Universal, nunca foi divulgado. A Igreja Mundial do Poder de Deus abriga em São Paulo um templo com 43 mil metros quadrados e anuncia ter 4 mil unidades espalhadas pelo país. Há quase cinco anos, já é locatária de 22 horas diárias da programação da Rede 21, além de outras emissoras. A igreja também detém quatro horas diárias na programação da CNT em São Paulo, mas a sede da emissora fica em Curitiba, no Paraná.
Sigla de Companhia Nacional de Televisão, a CNT surgiu das cinzas da emissora OM, que era comandada pelo empresário José Carlos Martinez. Teve problemas com dívidas e chegou a ter metade das ações vendidas a José Eduardo de Andrade Vieira, então dono do banco Bamerindus. O controle voltou à família Martinez no fim da década de 90. Além de São Paulo, atualmente conta com sucursais em Londrina, Salvador, Brasília e Rio de Janeiro. O sinal da emissora é transmitido para 48 praças no país
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Governo quer faixa de TV para 4G




O setor de radiodifusão saiu frustrado da reunião com representantes do Ministério das Comunicações e da Anatel para tratar da licitação da faixa de 700 megahertz (MHz) que abrirá espaço para a entrada da quarta geração (4G) de telefonia móvel.

A falta de estudos mostrando que haverá condições nas grandes cidades para a transmissão da programação das emissoras de TV — comerciais, públicas e educativas — nessa mesma frequência é considerada preocupante pelo setor.

O Ministério informou ao grupo de radiodifusores que haverá espaço suficiente entre os canais 14 e 51 nas grandes cidades — São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília — para as emissoras transmitirem sua programação, se for desocupada a faixa de 700 MHz hoje usada pela TV, que passaria a ser utilizada para a 4G.

Mas, segundo estudos da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), em várias cidades brasileiras a situação é crítica, como na capital de São Paulo, Rio e Campinas/Sorocaba.

— Ficamos preocupados. Eles disseram que cabemos todos no mesmo espaço e que não vai haver interferência. Mas não mostraram nenhum estudo e nem teste de campo — disse o diretor-geral da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert), Luis Roberto Antonik, que participou da reunião.

REUNIÃO COM DILMA

Já o vice-presidente da Anatel, Jarbas Valente, que também esteve na reunião, disse que um estudo inicial foi apresentado pelo governo.

- A definição do espaço final dos canais para a TV será discutida durante uma eventual consulta pública, caso o governo venha a se definir por uma política para a faixa de 700 MHz — disse Valente.

Nos próximos dias, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, deverá se reunir com a presidente Dilma Rousseff, para tratar da faixa de 700 MHz. Alguns especialistas acreditam que o Ministério das Comunicações dará o passo inicial para ampliar a prestação dos serviços de 4G nos próximos dias, com a publicação uma portaria determinando a Anatel que inicie os estudos necessários.

Com a publicação da portaria este mês, a diretoria da agência poderá concluir a primeira etapa do processo em março, confirmando que a faixa de 700 MHz será dividida com a 4G.

A conversa técnica com os radiodifusores era considerada pelos especialistas a última etapa que faltava para o governo começar o processo, mas na visão dos radiodifusores não houve grande avanço nessa reunião.

LICITAÇÃO EM 2014

A faixa permitirá às empresas de telecomunicações reduzir custos e ampliar as transmissões de 4G. Mas, para contar com estes benefícios, as teles precisarão disputar uma licitação que a Anatel levará cerca de 12 meses para realizar.

O leilão poderá acontecer em janeiro ou fevereiro de 2014, seguindo fontes do setor.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Conar proíbe participação de crianças em merchandising


O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) determinou novas regras em relação à publicidade dirigida ao público infantil --até 12 anos.

A partir do dia 1º de março, crianças não poderão mais participar de ações de merchandising na televisão.
A realização de merchandising de produtos e serviços voltados para esse público também não será mais aceita, seja em programas voltados para o público infantil, adolescente ou adulto.
De acordo com a entidade, a publicidade de produtos e serviços focada no público infantil deve se restringir aos intervalos e espaços comerciais.
"O Conar, mais uma vez, corresponde às legítimas preocupações da sociedade com a formação de suas crianças", diz, em nota, Gilberto Leifert, presidente do conselho.
Leifert diz, contudo, que não se deve impedir a exposição de crianças à publicidade ética. "O consumo é indispensável à vida das pessoas e entendemos a publicidade como parte essencial da educação. Privar crianças e adolescentes do acesso à publicidade é debilita-las, pois cidadãos responsáveis e consumidores conscientes dependem de informação".
A autorregulamentação já previa veto a ações de merchandising de alimentos, refrigerantes e sucos em programas especificamente dirigidos a crianças.
De acordo com a entidade, ainda que seja de adesão voluntária, o documento é unanimemente aceito e praticado no país por anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação.
Para ler o código na íntegra, acesse o site do Conar.
Leia a íntegra das novas regras da Seção 11 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, que passam a valer em março:
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SEÇÃO 11 - CRIANÇAS & JOVENS
Artigo 37
3 - Este Código condena a ação de merchandising ou publicidade indireta contratada que empregue crianças, elementos do universo infantil ou outros artifícios com a deliberada finalidade de captar a atenção desse público específico, qualquer que seja o veículo utilizado.
4 - Nos conteúdos segmentados, criados, produzidos ou programados especificamente para o público infantil, qualquer que seja o veículo utilizado, a publicidade de produtos e serviços destinados exclusivamente a esse público estará restrita aos intervalos e espaços comerciais.
5 - Para a avaliação da conformidade das ações de merchandising ou publicidade indireta contratada ao disposto nesta Seção, levar-se-á em consideração que:
a. o público-alvo a que elas são dirigidas seja adulto
b. o produto ou serviço não seja anunciado objetivando seu consumo por crianças
c. a linguagem, imagens, sons e outros artifícios nelas presentes sejam destituídos da finalidade de despertar a curiosidade ou a atenção das crianças.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Google criará fundo de € 60 milhões para jornais franceses




AGÊNCIAS INTERNACIONAIS (EMAIL · FACEBOOK · TWITTER)
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O presidente francês Francois Hollande (à direita) assina o acordo com o presidente da Google, Eric Schmidt
Foto: PHILIPPE WOJAZER / AFP
O presidente francês Francois Hollande (à direita) assina o acordo com o presidente da Google, Eric Schmidt PHILIPPE WOJAZER / AFP
PARIS – A Google, em acordo inédito, vai ajudar os veículos jornalísticos franceses a aumentar sua receita com publicidade on-line e também criará um fundo de € 60 milhões para impulsionar a inovação na área de mídia digital. O acordo — assinado nesta sexta-feira pelo presidente francês Francois Hollande e pelo presidente do conselho de administração da Google, Eric Schmidt — alivia a polêmica sobre a exibição de links de notícias nos resultados de buscas feitas no Google, pela qual os jornais queriam ser remunerados.
Veículos europeus e leitores haviam pedido aos governos de França, Alemanha e Itália que obrigassem a Google a pagar por isso. A companhia americana ameaçou deixar de indexar os sites dos jornais em sua ferramenta, o que faria com que os links dessas páginas jamais fossem encontrados no buscador.
A Google afirmou ontem que o acordo significa que ela não terá que pagar para exibir trechos de notícias em sua ferramenta de buscas.
O governo da França nomeou um mediador para conduzir as negociações e declarou que as conversas resultaram num “final feliz”. Hollande e Schmidt começaram a se reunir desde o final de outubro, e o presidente francês, segundo o “El Pais”, teria pressionado a Google com a possível cobrança de uma taxa sobre o Google News caso as negociações das gigantes com as empresas de mídia fracassassem.
Segundo fontes próximas à negociação, o acordo só se aplicará a veículos jornalísticos de informação geral.
“Uma indústria jornalística saudável é importante para a Google e nossos parceiros, bem como essencial para uma sociedade livre”, disse Schmidt em comunicado.
Na Bélgica, intercâmbio de anúncios
Em dezembro, a Google celebrou acordo semelhante com veículos jornalísticos da Bélgica. A empresa de Mountain View perdeu um processo em 2007 num tribunal belga, que a obrigou a remover links de notícias de jornais em língua francesa e alemã publicados no país. Se não os retirasse do Google News, pagaria uma multa diária de € 25 mil (aproximadamente US$ 32 mil).
No fim, a empresa concordou em pagar custas legais acumuladas e se comprometeu a comprar anúncios nos jornais do país, enquanto as empresas jornalísticas passaram a comprar anúncios no site para se promoverem.
A Google também apresentou ontem propostas detalhadas para aliviar as preocupações sobre as suas práticas anticompetitivas, disse à Reuters o regulador antitruste da União Europeia, Joaquin Almunia. Segundo analistas, trata-se de um movimento que deixa a empresa mais próxima de resolver uma investigação de dois anos.
A Comissão Europeia vem investigando a companhia californiana após denúncias de mais de uma dúzia de empresas, incluindo a Microsoft, de que a Google usou seu poder de mercado para bloquear as rivais.
A Comissão, que atua como reguladora da competição nos 27 países-membros da União Europeia, deve agora buscar o retorno dos concorrentes da Google e de outras partes interessadas sobre a proposta.