quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A barbárie se tivermos sorte


BLOG DO IMS


POR Carla RodriguesCarla Rodrigues | 25.02.201



A frase do título é do filósofo marxista húngaro István Mészáros, autor do recém-lançado “A montanha que devemos conquistar – reflexões acerca do Estado” (Boitempo Editorial), e expressa de forma contundente uma percepção que compartilho. Daí meu interesse pelo lançamento do livro, motivo também para aexcelente entrevista ao repórter Leonardo Cazes. Há em Mészáros um debate pertinente e difícil acerca do papel do Estado nas sociedades contemporâneas. A montanha a ser conquistada – que dá título ao livro – é o Estado, na sua avaliação até hoje capturado pelos interesses do capital, cujo resultado é o “agravamento das condições [de vida] em todos os lugares, com políticas de austeridade impostas impiedosamente pelos governos capitalistas sobre a população trabalhadora, mesmo nos países avançados mais ricos em termos de capitalistas”.
Conquistar o Estado pode parecer uma velha proposição socialista, cujo fim estaria anunciado pelo menos desde a queda do muro de Berlim, nos idos do século passado (sei que só se passaram pouco mais de 25 anos, mas em termos de tempo histórico, 1989 parece estar muito mais longe). Não é. A conquista do Estado proposta por Mészáros tem menos a ver com a nostalgia de um estado socialista e mais a ver com um dos pontos centrais do livro: sempre que houve Estado, foi a serviço dos interesses do capital. Conquistar o Estado, então, passa a ser condição fundamental para a transformação dos modelos políticos e econômicos atuais.
Na proposta de Mészáros, a luta pelo Estado estaria a serviço da sua proposta de democracia substantiva, associada à igualdade substantiva. Ambas passam por um tema que me interessa particularmente: a questão do uso do tempo. Se no sistema capitalista o imperativo econômico é o do acúmulo, na proposta de igualdade substantiva de Mészáros seria preciso abandonar a ideia de produção para acumulação pela “adoção consciente do tempo disponível como regulador geral da produção”. Por isso, ele propõe uma redução da jornada de trabalho que poderia funcionar como “dinamite social”, reorganizando o trabalho tanto no sentido quantitativo – aquele que é medido em horas – quanto no sentido qualitativo – medido pela intensidade. Trabalhar em função de “metas autodeterminadas de realização da vida dos indivíduos particulares, cujo tempo disponível deve prevalecer para os objetivos escolhidos com base em sua igualdade substantiva” pode parecer absolutamente utópico, mas é proposto por Mészáros como forma de resistência às crescentes exigências do capital, como solução para o “desemprego estrutural” e como atenuante para a crise ambiental que nos ameaça.

Ingênuo? Talvez. Mas considerando, por exemplo, as críticas de David Harvey, de Richard Sennett, de Luc Boltanski – para mencionar apenas alguns – em relação aouso total do tempo do trabalhador a partir das transformações no modo de produção capitalista, pode-se considerar que de fato Mészáros tem um ponto. Trabalhar o suficiente – sendo a definição de suficiente dada pelo trabalhador – poderia ser uma inversão no jogo da exploração capitalista.
Não acho que caberia aqui entrar no debate de como colocar isso em prática, ainda que o autor desça a detalhes e proponha que o Estado se torne uma instância reguladora deste tipo de demanda substantiva. Penso, no entanto, que há qualidade na proposição de Mészáros na medida em que a regulação do uso do tempo poderia alterar relações trabalhistas, sociais e familiares, promovendo igualdade, por exemplo, nas relações entre os casais na divisão das tarefas domésticas e no cuidado com os filhos e os idosos, atividades que, enquanto forem tidas como não lucrativas pelo sistema capitalista, continuarão a ser realizadas sem que se altere o tempo dedicado ao trabalho.
Há, no entanto, algo no livro de Mészáros que me inquieta: ele é mais um autor do campo da esquerda pautado pela necessidade de repensar a democracia liberal. Do meu ponto de vista, nisso já reside uma vitória da democracia liberal: pautar o debate político em torno da democracia como única forma de governo, o que de certa forma fecha as possibilidades do debate. Explico: desde que Francis Fukuyama publicou “O fim da história e o último homem”, no final dos anos 1980, multiplicam-se os discursos de que a democracia liberal, tal qual experimentada nos EUA, é a forma final de governo humano, e toda a história do mundo teria nos orientado a essa forma de governo, ao livre mercado como forma mais natural de organização econômica, e ao capitalismo como o triunfo ao comunismo ou ao socialismo. Com essas supostas conquistas, estaríamos enfim livres das guerras – que teriam girado em torno da disputa entre capitalismo e socialismo – e poderíamos nos acomodar em um pacífico estilo de vida liberal democrata.
Nada mais falso. No entanto, para encerrar retomando a minha inquietação, há nesses discursos a força de pautar o debate exclusivamente em torno do aprimoramento da democracia. Nesse sentido, temos a democracia deliberativa, em Jünger Habermas; democracia direta, em Norberto Bobbio; democracia porvir, em Jacques Derrida; democracia agonística, em Ernest Laclau e Chantal Mouffe; e agora democracia substantiva, em Mészáros. Poucos foram os que resistiram a elaborar uma proposta em torno do ideal democrático sem fazer a esse ideal uma crítica.
Embora todas tenham seus méritos e partam de diagnósticos importantes, são autores que se mantêm, de certa forma, reforçando a ideia de que a democracia existe enquanto tal. Derrida é um dos que avançam tanto na crítica ao fim da história quanto na desconstrução da ideia de que uma democracia possível é uma democracia sempre em dívida, capaz de se reconhecer incompleta. Mas nessa direção é outro filósofo franco-argelino, Jacques Rancière, que me parece dar uma importante contribuição ao debate político contemporâneo quando afirma que a democracia representativa não passa de um mecanismo de manutenção, no poder, de representantes da oligarquia política e econômica que se perpetua a partir do estabelecimento de uma pauta de seus próprios interesses. Se a democracia só se repete como farsa, vem daí a contundência da frase de Mészáros: “A barbárie se tivermos sorte”.

Carla Rodrigues

Carla Rodrigues exerceu a profissão de jornalista durante tantos anos que prefere não somar. Fez especialização, mestrado, doutorado em Filosofia na PUC-Rio e pós-doutorado na Unicamp. Hoje é professora do Departamento de Filosofia da UFRJ e uma das coordenadora do Khôra - laboratório de filosofias da alteridade. Dedica-se a pesquisar o pensamento do filósofo Jacques Derrida. 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Filósofo István Mészáros analisa ascensão de novos partidos na Europa, como Syriza e Podemos

Em novo livro sobre a crise do capitalismo, pensador húngaro fala sobre impasses das democracias

POR 


Vitória. Apoiadores do Syriza comemoram o resultado da eleição grega
Foto: Alkis Konstantinidis/Reuters/25-01-2015
Vitória. Apoiadores do Syriza comemoram o resultado da eleição grega - Alkis Konstantinidis/Reuters/25-01-2015

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RIO - O filósofo marxista István Mészáros continua acreditando em uma alternativa socialista ao capitalismo. Aos 84 anos, completados em dezembro passado, ninguém pode acusá-lo de ser um saudosista da antiga União Soviética. Nascido na Hungria, ele foi discípulo do pensador marxista György Lukács no Instituto de Estética da Universidade de Budapeste e se tornou seu principal herdeiro intelectual. Quando os tanques soviéticos invadiram o país, em novembro de 1956, para reprimir o levante popular contra as políticas impostas por Moscou, Mészáros foi obrigado a deixar seu posto de professor e a se exilar na Itália, onde lecionou na Universidade de Turim, mudando-se mais tarde, e em definitivo, para o Reino Unido.
Hoje professor emérito da Universidade de Sussex, na Inglaterra, o filósofo defende a atualização da célebre frase da revolucionária alemã Rosa Luxemburgo, “socialismo ou barbárie”, para “barbárie se tivermos sorte”. Caso não haja uma alteração radical da organização da sociedade, argumenta ele, o destino da humanidade será a sua autodestruição através das guerras e da crise ecológica. Para superar este desafio histórico, Mészáros afirma que é preciso “conquistar” o Estado, comparado a uma montanha no título do seu novo livro, recém-lançado no Brasil, “A montanha que devemos conquistar” (Boitempo).

— O caminho para garantir a nossa sobrevivência está bloqueada por um obstáculo gigante representado pelo poder de decisão global do Estado. O perigo de fato é que uns poucos Estados nacionais têm o poder de destruir a humanidade inteira, poder defendido por eles como sua “segurança” e “autodefesa”. A esmagadora maioria da humanidade não pode fazer absolutamente nada contra isso e nada pode ser mais absurdo — afirma o professor em entrevista por e-mail ao GLOBO.
Mészáros compreende os Estados, tal como os conhecemos, como formações históricas do capitalismo. Eles teriam uma “função corretiva”, que não pode ser mais exercida num contexto de crise estrutural do sistema. Assim, ele propõe a mudança de um regime de “desigualdade substantiva” para outro de “igualdade substantiva”. Crítico ferrenho da democracia representativa e cético quanto à efetividade da chamada democracia direta, o filósofo defende uma “democracia substantiva”, com a desconcentração do poder de decisão das mãos dos Estados.
Enquanto suas ideias não se tornam realidade, ele observa com cautela o crescimento de partidos da esquerda na Europa, como o Syriza, eleito na Grécia, e o Podemos, já a segunda força política na Espanha. Para o professor, ambos são respostas às “cruéis medidas de austeridade” impostas aos dois países. Contudo, na sua opinião, os dois grupos precisam elaborar uma alternativa “sustentável historicamente” ao capitalismo para atingirem um verdadeiro sucesso. Syriza e Podemos, diz Mészáros, podem funcionar como catalisadores da união dos múltiplos movimentos de protesto surgidos no mundo nos últimos anos.
— Em algum ponto do futuro esses movimentos devem se unir para que sejam o motor da necessária mudança fundamental da sociedade. Nos resta torcer para que essa união aconteça rapidamente, antes que seja tarde.


Os Estados nacionais parecem ter cada vez menos poder frente a organismos internacionais, financeiros e interestatais. Assim, qual é o Estado que se deve “conquistar”?
A suposta redução do poder dos Estados nacionais é um grande exagero vocalizado por governos para justificar seus fracassos em promover até mesmo as limitadíssimas reformas sociais prometidas. Os fatos mostram o contrário. Alguns exemplos: o Syriza, eleito com larga votação, tenta hoje afirmar os interesses gregos contra o FMI e a União Europeia. No Reino Unido, nas eleições gerais de maio, o partido que deve ter o maior crescimento é o UKIP (de extrema-direita e eurocético). Pressionado, o Partido Conservador (do primeiro-ministro David Cameron) está ameaçando deixar a União Europeia caso não ocorram mudanças que atendam aos interesses do país. Espanha, Bélgica e Itália convivem com movimentos separatistas.
‘Os antagonismos interestatais numa escala potencialmente autodestrutiva são a consequência necessária da contradição do capital.’
- ISTVÁN MÉSZÁROSFilósofo húngaro
A possibilidade do próprio fim da UE não pode ser excluída. Assim, a realidade não é a eliminação das aspirações nacionais, mas o superaquecimento de um perigoso caldeirão de antagonismos e contradições entre os atuais Estados nacionais, aqueles que aspiram a se tornar um e até as estruturas criadas para solucionar os antigos antagonismos, como a UE. A crônica falta de solução para esses problemas apresenta grandes perigos para a sobrevivência da humanidade. Devemos ignorar o fato de que os Estados Unidos estão ameaçando armar a Ucrânia contra a Rússia, com possíveis consequências sérias e incalculáveis? E o confronto, num horizonte não muito distante, entre EUA e China por recursos naturais altamente disputados? Os antagonismos interestatais numa escala potencialmente autodestrutiva — um presságio foram as duas guerras mundiais do século passado, ainda sem as atuais armas de autodestruição total — são a consequência necessária da contradição do capital. O Estado que devemos conquistar para a sobrevivência da humanidade é o Estado tal como o conhecemos, capaz de se afirmar apenas na sua modalidade antagônica tanto internamente quanto nas relações internacionais.
Novos partidos de esquerda, como o Syriza (Grécia) e o Podemos (Espanha), estão em ascensão. Como o senhor avalia essas experiências? Quais mudanças são possíveis por dentro das estruturas atuais?
Syriza e Podemos são bons exemplos da resposta necessária à imposição das cruéis medidas de austeridade pelas autoridades financeiras internacionais e estatais a Grécia e Espanha, agravada pela submissão dos seus governos. Muito além desses dois países, as medidas de austeridade desumanizantes estão se tornando visíveis e intoleráveis em muitas partes do mundo capitalista, inclusive nos países que uma vez pertenceram aos privilegiados do “Estado de bem-estar”. O que torna esses partidos particularmente significantes não é apenas que nasceram no rastro de uma esquerda adormecida, mas também que alcançaram uma grande massa de apoiadores em um período muito curto de tempo. Neste sentido, eles sublinham a insustentabilidade da ordem de reprodução social estabelecida.
No mundo, ruas foram ocupadas por protestos contra o poder, sejam ditaduras ou democracias. Como o senhor avalia esses movimentos?
‘Esses movimentos de protesto são certamente o prenúncio de uma mudança fundamental necessária.’
- ISTVÁN MÉSZÁROSFilósofo húngaro
Assistimos às mais notáveis demonstrações de protesto nos últimos anos, mas as demandas das pessoas nas ruas não foram atendidas e sem dúvida reaparecerão, até mais intensamente, se continuarem a ser frustradas. Contudo, seria imprudente partir para uma conclusão otimista. É prematuro ver nesses protestos o motor de uma mudança fundamental na sociedade capitalista. Esses movimentos de protesto são certamente o prenúncio de uma mudança fundamental necessária. Para ter sustentabilidade histórica, em algum ponto do futuro eles devem se unir para que sejam o motor dessa mudança. Nos resta torcer para que essa união aconteça rapidamente, antes que seja tarde.
Por que o senhor compara o Estado a uma montanha?
A estrada que devemos seguir para garantir a nossa sobrevivência está bloqueada por um obstáculo gigante representado pelo poder de decisão global do Estado. E nós não podemos evitar ou ultrapassar essa montanha. O perigo de fato é que uns poucos Estados nacionais têm o poder de destruir a Humanidade inteira, defendido por eles como sua “segurança” e “autodefesa” nos seus confrontos, reais e potenciais, uns com os outros. A esmagadora maioria da Humanidade não pode fazer absolutamente nada contra isso e nada pode ser mais absurdo. A ideia de que é possível usar a “sociedade civil” contra o poder do Estado, na tentativa de superar as desigualdades estruturalmente arraigadas e saná-las de forma duradoura, é extremamente ingênua, para dizer o mínimo. Assim como as ONGs, essas organizações pateticamente limitadas que dependem, para o seu financiamento e funcionamento, dos recursos concedidos pelo Estado. O Estado é a estrutura política global de comando do sistema capitalista em qualquer uma das suas formas conhecidas ou concebíveis.
No livro, o senhor aponta que o chamado “fenecimento do Estado” é inevitável. Por quê?
Não se trata de uma questão de inevitabilidade. Dizer que o fenecimento do Estado é necessário significa apenas que se trata de uma condição vital para a solução dos problemas em jogo. Mas isso não significa que essa exigência será realizada inevitavelmente. Pelo contrário, ao reforçar o perigo de que o Estado, com seu gigantesco poder de destruição, coloque um fim catastrófico a todo esforço de transformação e emancipação, contrario toda a ilusão da “inevitabilidade histórica”. A ideia da necessidade do “fenecimento do Estado”foi concebida, primeiro, para combater a ilusão anarquista de que a “derrubada do Estado” resolveria tudo. O Estado em si não pode ser “derrubado”. Capital, trabalho e Estado estão profundamente interligados no metabolismo social historicamente constituído. Nenhum deles pode ser derrubado sozinho, nem ser “reconstituído” separadamente.


O senhor é crítico da democracia representativa e da democracia direta. Em vez disso, propõe uma “democracia substantiva". O que seria?
‘Apesar dos seus méritos relativos, a democracia direta é também muito problemática e está muito longe de perceber a grande tarefa histórica à sua frente.’
- ISTVÁN MÉSZÁROSFilósofo húngaro
A defesa feita por Rousseau de algo parecido com a democracia direta, abraçada no início da Revolução Francesa, é anterior à democracia representativa. Esta foi concebida mais como uma reação do que uma forma original e sustentável de controle político. A democracia representativa foi convenientemente adotada em muitos lugares, mas produz resultados bastante limitados. A crítica de Hegel é certeira: “os Poucos supõem ser os deputados, mas eles são quase sempre os exploradores dos Muitos”. Apesar dos seus méritos relativos, a democracia direta é também muito problemática e está muito longe de perceber a grande tarefa histórica à sua frente. Até seu limitado contra-exemplo institucional de “delegados revogáveis” contra os “deputados representativos” provou ser totalmente incompatível, nos últimos dois séculos, com a ordem de reprodução social estabelecida. Já a democracia substantiva parte de uma igualdade substantiva e exige uma alteração radical no metabolismo social, substituindo o seu caráter alienado e a superimposição alienante de todo o processo de decisão política do Estado sobre a sociedade.
Mais de 20 anos após o fim da União Soviética, o senhor continua acreditando no socialismo. Por quê?
Em termos históricos, 20 anos é muito pouco, ainda mais quando a tarefa é a mudança radical de uma ordem de desigualdade substantiva para outra de igualdade substantiva. Esta é uma demanda não de 20, mas de 220 anos, e foi colocada por Babeuf (revolucionário francês do século XVIII). As raízes da implosão da União Soviética são profundas, como as contradições explosivas de um Império multinacional reprimir suas minorias nacionais. A maior e mais perigosa ironia da história moderna é que a outrora incensada “destruição produtiva”, uma das características mais problemáticas do capital, se tornou, na fase descendente do desenvolvimento do sistema capitalista, uma ainda mais insustentável produção destrutiva, na produção de mercadorias e da natureza, completada pela ameaça de destruição militar em defesa da ordem estabelecida. É por isso que a alternativa socialista não é só apenas possível, mas também necessária para a sobrevivência da Humanidade.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/livros/filosofo-istvan-meszaros-analisa-ascensao-de-novos-partidos-na-europa-como-syriza-podemos-15395541#ixzz3SsmlB41B 
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