quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Startup capacita jornalistas a enviarem noticias por celular em lugares sem internet


Organização inglesa Radar capacita repórteres do Quênia, Serra Leoa e Índia

reprodução
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Jornalistas cidadãos usam celulares Nokia de 2005 para enviarem seus textos por SMS
Com as facilidades de comunicação promovidas pela internet, é difícil imaginar um lugar no mundo onde os fatos importantes não se tornam notícias. Mas eles existem: são locais assolados por conflitos armados, pobreza extrema e sem cafés Wi-Fi de onde os repórteres podem enviar seus textos.
Para ajudar a população de regiões como essas a publicar suas notícias, a startup inglesa Radar treina repórteres locais a apurarem fatos, fazerem entrevistas e enviarem textos via SMS. A organização capacitou 250 jornalistas cidadãos no Quênia, Serra Leoa e Índia.
Por meio de celulares Nokia de 2005, os jornalistas enviam matérias para veículos como Guardian e The New Internationalist. Desta maneira, importantes histórias foram contadas. Uma delas foi sobre a mutilação deórgãos genitais femininos no Quênia.
A Radar escolhe membros dos setores mais isolados das sociedades, como pessoas com deficiência, mulheres de áreas rurais e pessoas de castas consideradas inferiores.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Qual o poder da mídia?


Por Heloisa Buarque de Almeida em 21/01/2014 na edição 782
Reproduzido da Revista SescTV nº 82, janeiro/2014; título original “Qual o poder da mídia? Publicidade e gênero”
Pesquisar mídia sempre nos leva a refletir sobre qual seu real poder. O que pode a televisão? O quanto ela mudou o Brasil? – são perguntas que sempre se faz no caso brasileiro.
Sim, é possível afirmar que a mídia tem relação com mudanças sociais e de comportamento, mas isso não quer dizer que ela é todo-poderosa apenas. Por um lado, é preciso lembrar o contexto social e cultural dos espectadores, que individualmente, na sua interação com a TV, podem se encantar, mas também fazer críticas ou discordar do seu conteúdo. Tudo depende do contexto social e cultural em que ele ou ela vive, suas informações anteriores. Por isso, é mais difícil achar a “resistência” ou a reflexão distanciada nas crianças, que por vezes ainda não têm informação suficiente para entender e criticar a forma como são afeitos certos programas, ou os anúncios excessivos em meio aos programas infantis.
Assim, é preciso lembrar que a mídia tem um poder de persuasão e de criar novos comportamentos. Não fosse assim, não teríamos tantos anúncios na TV. No caso brasileiro, a TV aberta (e também a TV paga) precisa dos anunciantes para se sustentar. O que uma TV vende é exatamente seus espectadores, sob a forma de números do Ibope. Nesse sentido, como no Brasil privilegiou-se um modelo de TV comercial (uma empresa privada, por oposição à TV pública), essa televisão baseou-se em uma estrutura comercial que é sustentada por anunciantes.
Bombardeio da mesmice
Quando acompanhamos a presença da TV no Brasil, percebemos como desde os anos 1970 ela foi uma força que impulsionou o consumo, levando para todos os cantos do país um estilo de vida urbano e consumista. A TV influencia a sociedade naquilo que é mais repetitivo e exibido de modo constante ao longo do tempo – as pessoas não mudam seu comportamento ou sua visão de mundo por causa de algo a que assistiram uma só vez. Elas ganham desejos de comprar muitos produtos porque são tantos os anúncios, e sua presença é constante e cotidiana. No entanto, não é só o desejo de comprar criado pelos anúncios, a TV incentiva o consumo também pela forma como mostra a vida urbana, repleta de bens, modas, produtos industrializados. Basta ver uma telenovela.
E na questão de gênero, o quanto a TV (e a mídia em geral) sexualiza e expõe os corpos femininos? Será que ela contribui para a violência contra a mulher? A publicidade opera na lógica do desejo, desejo que também vem associado à sexualidade. Anúncios expõem sim corpos femininos como objetos. Mais do que isso, os programas e os anúncios influenciam as nossas categorias de gênero, afetam e transformam nossa visão sobre aquilo que julgamos apropriados a homens e mulheres. Se olharmos os programas de TV de mais audiência (como as novelas, programas de auditório, futebol, telejornais, entre outros) veremos que formas e categorias masculinas e femininas são promovidas pela TV. Mulheres seminuas e sensuais que dançam nos programas de auditório (desde o Chacrinha) e são usadas em muitos anúncios (como os de cerveja), promovendo uma sexualização dos corpos femininos, convivem com anúncios e novelas que mostram o tipo feminino da mãe moderna que trabalha fora. Se observamos como os anúncios de produtos de limpeza, eletrodomésticos, alimentos semiprontos são dirigidos às mulheres, vemos que se reforça um ideal de mulher que trabalha fora, tem que dar conta de toda a família, e nunca se questiona a divisão sexual do trabalho doméstico. Não é à toa, portanto, que o ideal de feminilidade no Brasil é a super mulher: que trabalha fora, mas dá conta da casa (limpa, cozinha, passa a roupa), cuida dos filhos, trabalha fora, e ainda por cima tem que ser linda, sexy e sensual para o seu marido! Tipo ideal inatingível que sobrecarrega as mulheres que trabalham (fora ou dentro de casa) com todas as tarefas da casa e dos filhos, e ainda demanda que ela seja linda, magra, elegante e sensual. Esse é um tipo promovido pela mídia, muito repetitivo há algumas décadas e que se tornou um ideal cultural, um padrão de feminidade. Aqui sim, vê-se o poder que a mídia tem.
Ainda que sejamos bombardeados com essa mesmice, é possível refletir, e questionar esses modelos. É possível não levar tão a sério o padrão de beleza – magro, jovem, brancos de cabelos lisos – e ter um olhar crítico sobre a mídia. 
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Heloisa Buarque de Almeida é antropóloga e professora da Universidade de São Paulo

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Processo de modernização dos cinemas brasileiros está atrasado

Apenas 38% das salas no país operam com projeção digital, um percentual muito abaixo dos quase 90% da média mundial

Para a transição do analógico para o digital, o Brasil adotou o Virtual Print Fee (VPF), um modelo que vem sendo replicado por outros países, mas que traz junto a si o risco do fechamento de salas e da queda na variedade de filmes em circuito