Nunca os políticos tiveram tantas alternativas para falar diretamente com os eleitores, podendo dispensar, muitas vezes, a mediação dos tradicionais meios de comunicação. Num clique, eles podem ser vistos, avaliados, admirados e, muitas vezes, também odiados por milhões de usuários das redes. Apesar dos riscos inerentes da maior exposição, as mídias sociais ampliaram as possibilidades de contato dos políticos, permitindo que eles se posicionem diretamente para suas audiências sobre os temas polêmicos do dia a dia. Muitos ainda dão pouca atenção para esse canal de comunicação porque conseguem manter capital político, mesmo sem nunca ter entrado na internet. Mas um grupo vem se destacado pelo uso intenso dessas redes. São os líderes das mídias sociais, aqueles políticos com mais chances de influenciar e mobilizar correntes de opinião no ambiente da web.
Uma pesquisa recém concluída pela Vértice, uma empresa incubadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), mapeou, em fevereiro, os políticos com maior presença nas mídias sociais, aqueles que hoje podem ser considerados os mais hábeis em ocupar e mobilizar audiências. O estudo foi coordenado pelo professor Afonso de Albuquerque, da Pós-Graduação em Comunicação e Política, e contou com a participação dos pesquisadores Carolina de Paula, Marcelo Alves e Eleonora Magalhães.
Segundo o estudo, dez políticos são considerados líderes nas mídias sociais e, entre eles, estão Aécio Neves (PSDB), Romário Faria (PSB) e Eduardo Cunha (PMDB). Para identificar esse grupo, os pesquisadores analisaram as páginas do Facebook dos políticos com o maior número de curtidas, engajamento (comentários e compartilhamentos) e graus de entrada, ou seja, o quanto a página é seguida por outros políticos. Este foi o principial critério usado para produzir o ranking porque o grau de entrada, segundo o estudo, representaria melhor a relevância de cada político no Facebook.
A pesquisa foi dividida em três fases. Na primeira, foram identificados os deputados federais com maior presença no FB. Os grafos indicam a existência de três grupos: um grupo formado por parlamentares governistas e também deputados de esquerda. Nesse grupo se destacam Jandira Fenghali (PCdoB/RJ), Maria do Rosário (PT/RS), Jean Wyllis (PSOL/RJ), Chico Alencar (PSOL/RJ) e Paulo Teixeira (PT/SP). Um segundo grupo é formado por parlamentares de oposição, entre eles, Carlos Sampaio (PSDB/SP), Mara Gabrili (PSDB/SP), Bruno Araújo (PSDB/PE), Ônix Lorenzoni (DEM/RS) e Antônio Imbassahy (PSDB/BA).
O terceiro grupo é estrutura entorno do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Para os pesquisadores, "Eduardo Cunha é, dentre todos os deputados, aquele que apresenta maior número de conexões, mas paradoxalmente isto não se traduz em uma rede sólida de apoio. Isto acontece por dois motivos: ele está bastante isolado dos dois grupos principais da Câmara (embora mais próximo do grupo oposicionista); seus seguidores são inexpressivos na rede, e portanto não potencializam sua liderança".
A segunda etapa da pesquisa concentrou o monitoramento entre os senadores. Nesse caso, o senador Aécio Neves se destaca e, no entorno dele, gravitam Aluysio Nunes (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM), Álvaro Dias (PV) e Romário. A rede se estrutura em dois polos. Um mais de oposição ao governo e outro formado por senadores que apoiam o governo. Nesse grupo, se destacam Lindbergh Farias (PT/RJ) e Gleise Hoffman (PT/PR).
O estudo testou ainda o grau de influência dos políticos no Facebook (independentemente dos cargos). Nesse caso, a rede estrutura-se entorno de Dilma Rousseff e Aécio Neves. Para os pesquisadores, a forte participação de Aécio pode ser reflexo da visibilidade que ele teve durante a campanha presidencial de 2014, além também por ser um dos políticos com participação no debate sobre o possível impeachment da presidente. Essas características fazem Aécio Neves um dos principais líderes do Congresso Nacional. O interessante desses resultados é que o formato da rede (Dilma x Aécio) reproduz o mesmo cenário da disputa eleitoral 2014, um indicativo da polarização que muita gente pode facilmente perceber nos debates travados nas redes sociais.
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