Entrevista com Keith Jarrett - O Globo - Segundo Caderno - 27/03/2011 - por Arthur Dapieve
Embora no começo da carreira você tenha chegado a gravar Bob Dylan e Joni Mitchell, você parou de recorrer a novas composições, que alguns chamam de “novos standards”. Por quê?
Não acredito que haja novos standards, como quer o Herbie Hancock. O que temos agora não é tão interessante como os standards. É um erro achar que são. O mundo mudou de marcha. As pessoas não conseguem mais ficar quietas. Nem no Japão. Há muita informação, muito rápida, muita informação desinteressante. Compor é uma das coisas às quais as pessoas não dedicam mais o tempo necessário.
Não acredito que haja novos standards, como quer o Herbie Hancock. O que temos agora não é tão interessante como os standards. É um erro achar que são. O mundo mudou de marcha. As pessoas não conseguem mais ficar quietas. Nem no Japão. Há muita informação, muito rápida, muita informação desinteressante. Compor é uma das coisas às quais as pessoas não dedicam mais o tempo necessário.
"Você mencionou que as pessoas não conseguem mais ficar quietas, sem estarem conectadas... Como você lida com toques de celular em seus concertos?
Eu tento fazer com que as pessoas cresçam, que entendam a importância de estarem ali, quietas, escutando a música. Até agora, eu perdi... Mas não significa que eu não vá mais tocar. “Por que você não abandonou o palco?”, perguntaram-me depois de três concertos recentes em que celulares tocaram. “Nãooo...”, respondi. Vejo-me como um samurai, lutando sozinho contra a desatenção, a incapacidade de ouvir. Mas eu gosto de me surpreender com o público também. Fiz um concerto milagroso em Nápoles. Italianos não são famosos por serem quietos, napolitanos não são famosos por serem quietos, mas lá eles ficaram quietos, altamente respeitosos. Se eu dissesse que não tocaria mais ao vivo por causa do barulho, eu nunca teria ido tocar em Nápoles. De vez em quando é bom se abrir ao inesperado".
Eu tento fazer com que as pessoas cresçam, que entendam a importância de estarem ali, quietas, escutando a música. Até agora, eu perdi... Mas não significa que eu não vá mais tocar. “Por que você não abandonou o palco?”, perguntaram-me depois de três concertos recentes em que celulares tocaram. “Nãooo...”, respondi. Vejo-me como um samurai, lutando sozinho contra a desatenção, a incapacidade de ouvir. Mas eu gosto de me surpreender com o público também. Fiz um concerto milagroso em Nápoles. Italianos não são famosos por serem quietos, napolitanos não são famosos por serem quietos, mas lá eles ficaram quietos, altamente respeitosos. Se eu dissesse que não tocaria mais ao vivo por causa do barulho, eu nunca teria ido tocar em Nápoles. De vez em quando é bom se abrir ao inesperado".
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