- Estudo revela que cresce no país a atuação de rádios comunitárias
BRASÍLIA E RECIFE — Coordenado pelo economista Luis Roberto Antonik, diretor-geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), o estudo “Tudo o que você precisa saber sobre rádio e televisão — licenças, outorgas, taxa de penetração, receitas e receptores” revela que 3.350 municípios do país não têm rádio comercial. Isso prejudica a população local em vários aspectos, especialmente na falta de acesso à propaganda política partidária local e a notícias. Para os empresários dessas localidades, a carência impede que tenham acesso à publicidade.
O estudo confirma que o serviço de rádio comunitária vem crescendo muito desde que foi instituído. No último dia 4 de março, o Ministério das Comunicações publicou um aviso de habilitação para autorizar a abertura de novas rádios comunitárias em 75 municípios brasileiros que ainda não contam com qualquer emissora desse tipo nos estados de Piauí, Paraíba, Goiás, Tocantins, Alagoas, Rio Grande do Norte, Bahia e Maranhão. No ano passado, 719 municípios foram contemplados com o serviço e neste ano serão atendidas mais 706 cidades. O ministério diz que a meta do governo é dar condições para que todos os municípios brasileiros tenham pelo menos uma rádio comunitária até o fim de 2013.
Cada vez mais rara, a TV em preto e branco ainda é a principal distração do pernambucano Alberto Jorge Alves Ribeiro, de 58 anos, que mantém um pequeno comércio na chamada Favela do Papelão, comunidade no bairro São José, em Recife. Cercado de vizinhos muito pobres, mas que já conseguiram comprar modelos recentes e mais sofisticados de TV, Alberto passa o dia em sua pequena oficina, onde também vende refrigerantes e alimentos industrializados, como bolachas e balas. A TV é usada para matar o tempo, assistir a algum programa interessante, sobretudo os dedicados a assuntos policiais locais. É a sua principal companheira, enquanto aguarda a chegada de algum cliente, e ele se queixa do aparelho defasado:
— Eu me acostumei com TV em preto e branco. Era assim, quando nasci. A cores é melhor, até que gostaria de ter uma bonita e grande, mas ela nem caberia aqui — diz Alberto. — Por enquanto a minha velhinha, em preto e branco, ainda quebra muito o galho.
Pelo menos 50% dos 184 municípios pernambucanos não possuem emissoras de rádio comerciais em suas sedes, revela a Associação de Rádios Comunitárias de Pernambuco. Segundo o presidente da entidade, José Rufino da Silva, são 300 no estado, das quais cerca de 180 têm concessão do governo. Em Itapetim, a 421 quilômetros de Recife, as notícias da cidade eram divulgadas pelos alto falantes da igreja católica, a “rádio” informal Pedras Soltas, que agora já é reconhecida pelo governo e se orgulha de prestar serviços à comunidade, divulgando notícias que interessam à cidade.
— Os assuntos locais são os mais solicitados — afirma Erivan Rubens, diretor e um dos fundadores da Pedras Soltas. (Mônica Tavares e Letícia Lins)
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