sexta-feira, 31 de maio de 2013

IAC coloca Newsweek à venda


Após suspender a edição impressa, grupo afirma que vai concentrar suas atenções ao portal Daily Beast



Três anos após comprá-la, IAC quer vender a Neewsweek
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Três anos após comprá-la, IAC quer vender a NeewsweekCrédito: Reprodução
Tina Brown, editora-chefe da Newsweek Daily Beast, e Baba Shetty, CEO do grupo, anunciaram que a revista está oficialmente à venda. Em comunicado aos funcionários emitido na quarta 29, disseram que a empresa vai concentrar esforços no portal Daily Beast.
No comunicado, os executivos ressaltam que as inovações do formato digital de Newsweek chamaram a atenção do mercado e foram elogiadas por empresas como Fast Company, BBC, The Economist e Facebook. “Então porque vender agora?”, questiona o próprio texto, para responder em seguida.
“Simplesmente por foco. Newsweek é uma marca forte, mas suas demandas desviaram a atenção e o foco do Daily Beast”, afirmam, destacando que o site ganhou o prêmio Webby de melhor site de notícias por dois anos seguidos, que o tráfego está aumentando e o índice de anunciantes já cresceu 30% só em 2013. Fontes de mercado dizem que a Newsweek perdeu mais da metade de seus 1,5 milhões de assinantes entre 2012 e o início deste ano.
A decisão é mais um capítulo da turbulenta história recente da revista fundada em 1933. Em 2010, quando já enfrentava a crise, foi adquirida pelo grupo IAC, dono do portal Daily Beast. Em dezembro do ano passado encerrou sua edição impressa, passando a circular nos EUA só em digital, ainda que mantivesse algumas edições internacionais no formato original, como ocorre no Brasil.
Em abril, o presidente executivo do IAC, Barry Diller, admitiu à Bloomberg TV que “foi um erro” ter adquirido a revista e já “não esperava muito” da versão digital. À época, o balanço financeiro de primeiro trimestre já antecipava que as economias com a Newsweek digital não haviam aliviado a receita.  

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Expansão do universo digital preocupa



Dados na nuvem crescem exponencialmente e custo pode passar de US$ 100 trilhões, superando PIB mundial




Servidores de nuvem web
Foto: FOTO: Divulgação



Servidores de nuvem web FOTO: Divulgação
RIO — O assunto do momento é a nuvem de internet, furiosamente alimentada com intermináveis massas de dados pela cloud computing. Mas será que esse fenômeno tem um limite? Todos os dias se produzem no mundo, hoje, 2,5 quintilhões de bytes (2,5 exabytes), e até 2020, segundo a EMC, gigante líder de tecnologias de armazenamento no mundo, o universo digital chegará a 40 sextilhões de bytes (40 zettabytes). Isso equivalerá a 57 vezes a quantidade de todos os grãos de areia em todas as praias da Terra (700,5 quintilhões de grãos). Outra comparação: se esses 40 zettabytes pudessem ser salvos em discos Blu-Ray, o peso de toda essa informação reunida seria igual ao de mais de 420 porta-aviões americanos da classe Nimitz.
Governos, empresas e usuários migram alegremente para a nuvem, mas, apesar do nome, ela não é etérea. Está em toneladas de data centers espalhados pelo mundo. No planeta, de acordo com a americana Emerson, há 509,1 mil data centers que juntos ocupariam a área de 5.955 campos de futebol lado a lado. E tudo isso se reflete em maior consumo de energia elétrica — seu uso pela tecnologia da informação já é responsável por 2% das emissões globais de gás carbônico.
De olho nos dados repetidos
Para Karin Breitman, gerente geral e vice-presidente do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Big Data da EMC e professora do Departamento de Informática do CTC/PUC-Rio, o maior desafio para fazer face a tanta informação é evitar a duplicação de informações.
— Quando se está armazenando, há muita repetição de dados — diz Karin. — Numa empresa há, em média, 15 a 20 vezes o mesmo dado em diferentes versões. Hoje já existem tecnologias para combater isso, como uma da Google que usa ponteiros em mensagens do Gmail para que todos os usuários que recebam o mesmo e-mail acessem um único arquivo no servidor.
E não basta o armazenamento inteligente, ele deve vir acompanhado de uma rede de distribuição de conteúdo (CDN, na sigla em inglês) com banda suficiente para atender a todos os usuários (exemplo de bom uso: o Netflix, que corresponde a um terço do streaming de dados nos EUA).
— Esse problema da banda é o grande gargalo que temos aqui no Brasil — diz Karin. — E isso só tende a piorar nos próximos anos, com a chegada da internet das coisas, que trará mais desafios para gerenciar dados.
Segundo Sanjay Poonen, presidente de Soluções Tecnológicas e diretor da divisão de Mobilidade da SAP, em 2020 haverá 50 bilhões de objetos e dispositivos conectados à internet das coisas, daí a importânica de tecnologias M2M (de máquina para máquina), voltadas para coletar grandes volumes de dados.
— O crescimento dos dados deverá aumentar 15 vezes até o final da década, enquanto que as tecnologias para lidar com eles crescerão apenas cinco vezes — explica Rodrigo Raimundo dos Santos, diretor de Serviços de Infraestrutura da Capgemini no Brasil. — Uma estratégia comum para lidar com isso, e muito usada pelas empresas de streaming, é descentralizar as informações, para que elas fiquem mais próximas e cheguem mais rápido ao usuário final.
Roberto Nogueira, professor e coordenador do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação da Coppead/UFRJ, diz que um dos caminhos para lidar com a exigência de dados é sua compressão, que já vem acontecendo paulatinamente (lembrem-se do MP3 e do MPEG-4, por exemplo).
— Uma coisa é aumentar o calibre do tubo por onde passa a fibra óptica; outra, mais inteligente, é se valer de tecnologias para comprimir os dados, principalmente de vídeo — afirma Nogueira. — Entretanto, além da parte técnica, é preciso destacar que o gerenciamento da nuvem está inserido num quadro maior, de relações econômicas entre empresas e destas com governos, com suas respectivas políticas para o setor de TI.
Yottabyte, a última fronteira
Tudo indica que o desafio aumentará muito com a evolução das tecnologias em geral. Segundo Santos, órgãos do governo americano já guardam dados da ordem do yottabyte (um setilhão de bytes). Para armazenar um yottabyte em discos rígidos de um terabyte, seriam necessários um milhão de data centers do tamanho de quarteirões inteiros, que reunidos chegariam ao tamanho dos estados americanos de Rhode Island e Delaware juntos, segundo a empresa de backup Blackblaze. O custo disso? US$ 100 trilhões — US$ 30 trilhões a mais que o PIB do mundo todo.
O Brasil ainda está se adaptando à realidade da nuvem. O mais recente estudo da Capgemini demonstra que, no ano passado, 78% das empresas nacionais começaram a estudar uma estratégia para utilizar a computação em nuvem, com foco em aplicativos diversos. Entretanto, a implementação desse tipo de recurso pode esbarrar no custo.

domingo, 26 de maio de 2013

It Girls – E mais uma vez vemos a vingança das marcas…



© Sangue Bom – TV Globo
Amora, nova personagem de Sophie Charlotte na novela Sangue Bom, é uma It Girl. Bem antes da novela estrear a Globo fez seu dever de casa e inseriu na programação várias matérias explicando o que é It Girl, curiosidades sobre essa tribo, etc., tudo muito bem feito, como sempre (padrão Globo).
Sempre que estreia novela nova ou quando ela “engrena” surgem gírias, expressões, bordões, etc. e, claro, moda! Sapatos, acessórios, bolsas, cabelos… As novelas sempre lançam moda, criam estilos, tudo relacionado ao mundo fashion.
Nada mais natural que uma personagem que é “ícone” no mundo fashion criar um modismo instantâneo: It Girl virou marca!
Até O Boticário já pediu registro da “sua” It Girl (It Girl O Boticário – processo 904125777), agora imagine se você tivesse o timing perfeito e, antes de todo mundo, registrasse essa marca antes de virar moda, antes de virar tema de novela e antes de ser badalada nas revistas?
Pois isso aconteceu! A empresa Nova Tri Comércio de Confecções Ltda pediu o registro da marca “It Girl” na poderosa NCL 25! Não conhece? A NCL 25 é a classe que reúne todo tipo de confecções, inclusive moda praia e também calçados, todos os tipos de calçados – daquela bota “rosa chiclete” até o mais clássico scarpin – é a “nata” do mundo fashion.
Eles pediram o registro em 2009 e em 16/08/2011 o INPI considerou a marca viável, sua única ressalva foi não dar exclusividade do termo “girl” isoladamente, ou seja, “It Girl” seria exclusivamente sua, bastava pagar as taxas finais.
E sabe o que aconteceu?
Como vocês podem ver na ilustração, eles NÃO PAGARAM as taxas finais e sabe o que isso significa? Que a marca voltou a ficar disponível para outra empresa registrar. Eles perderam os direitos sobre essa marca, ou melhor, nunca os tiveram pois não houve a concessão da marca.
Eu já falei aqui sobre a vingança das marcas abandonadas, lembram? Essa foi outra vingança cruel.
Hoje, se a empresa tivesse esse registro, poderia negociar de diversas formas, vender é a forma mais simples e burra, mas que dá menos stress, mas a forma mais inteligente (e trabalhosa) seria licenciar a marca, poderiam fazer um acordo com a própria Globo, quem sabe?
Provavelmente perderam – no mínimo – algumas centenas de milhares de reais, talvez mais de um milhão, talvez muito mais… Vai saber, né?
Agora há uma disputa entre várias marcas sobre esse termo e, com a super exposição que essa expressão está tendo, ainda há o risco do INPI considerar o termo de “uso comum” e ninguém ter exclusividade, o que será um desastre para todos.
Esse tipo de oportunidade surge e é perdida toda semana, há um grande espaço para INVESTIDORES formarem um clube de investimento ou algo assim para compra de marcas que os titulares não tem mais interesse e depois fazer a gestão dessas marcas, licenciá-las…
Um dia o mercado estará maduro o suficiente para isso, espero estar por aqui para ver esse momento.

Colaboração: Lívia Boeschenstein

Roberto Civita - Império de 200 milhões de exemplares



A holding da família controla a Abril S.A., que publica 52 revistas para 4,7 milhões de assinantes

Roberto Civita, no Terraço Abril, com estante de mais de 50 títulos diferentes de revistas do grupo ao fundo Foto: Ana Paula Paiva / Agência O Globo


Roberto Civita, no Terraço Abril, com estante de mais de 50 títulos diferentes de revistas do grupo ao fundo Ana Paula Paiva / Agência O Globo
SÃO PAULO — Foi ao lado do pai, o americano de ascendência italiana Victor Civita (1907-1990), que o empresário Roberto Civita ergueu um dos maiores conglomerados de mídia e educação da América Latina. A origem foi o escritório aberto por Victor em 1950, no centro de São Paulo, e que teve como primeiro negócio a publicação de "O Pato Donald". Hoje, são mais de 9,5 mil funcionários e negócios espalhados por áreas que vão de revistas à TV segmentada, de educação à distribuição e logística, de mídias digitais em elevadores ao treinamento para concursos públicos.
A holding da família controla a Abril S.A. (substituindo a denominação antiga de Editora Abril), que publica 52 revistas para 4,7 milhões de assinantes e mais de 80 sites, com 59 milhões de internautas. Também estão sob esse guarda-chuva a MTV Brasil e a Elemidia. Outro braço do grupo é a Abril Educação, dona da editora Ática e do Sistema Anglo de Ensino, entre outros negócios. Em educação, a empresa é líder em provimento de conteúdo para alunos e professores.
A operação de maior prestígio é o de publicações. São mais de 200 milhões de exemplares por ano. Sete das dez revistas mais lidas do Brasil são da editora, incluindo a segunda maior revista semanal do mundo, a “Veja”, criada em setembro de 1968, que vende em média 1,1 milhão de exemplares por semana.
“Fazemos revistas em 25 segmentos. Se você fatiar o mercado – moda, automóveis, infantil, viagens, decoração, negócios, notícias – temos a revista número um em cada um desses segmentos”, disse Civita, em entrevista publicada pelo o jornal “Valor Econômico” no ano passado.
Quando “Veja” foi criada, o Brasil vivia uma ditadura militar. A revista foi alvo da censura pela primeira vez em sua edição de número 15, quando o então presidente Arthur da Costa e Silva fechou o Congresso Nacional e promulgou o Ato Institucional Número 5, o AI-5. Um censor foi mandado à redação para se certificar de que não haveria crítica à medida na revista.
Quando perguntou o que apareceria escrito na capa daquela semana, recebeu de Civita a seguinte resposta: "Nada". Diante da informação, o censor autorizou a circulação da revista. A capa saiu sem nenhuma palavra, com uma foto do presidente Costa e Silva sentado em uma das cadeiras do Congresso vazio. O Exército mandou apreender todos os exemplares de “Veja”.
A partir de 1974, “Veja” passou a ser submetida à censura prévia. Um censor lia todas as reportagens e entrevistas da revista antes do material ser impresso. A censura prévia a semanal só foi suspensa em junho de 1976.
“Existe uma indissolúvel interdependência entre a democracia, a imprensa livre e a livre-iniciativa. Sem uma, as outras também sucumbem. Os meios de comunicação independentes são a primeira vítima das tiranias. Sempre que estas se abatem sobre os povos e as nações, cuidam logo de amordaçar a imprensa livre”, escreveu Roberto Civita em artigo publicado na “Veja” em 27 de junho de 2012, defendendo a liberdade de imprensa e criticando projetos de controle social dos meios de comunicação.
Proibido de dirigir
No academia de ginástica no prédio da Abril, em São Paulo, Civita costumava fazer natação na hora do almoço e usava o elevador dos funcionários. Não dirigia desde 1980. A proibição veio do pai, que dizia que ele sempre se distraia ao volante conversando com o passageiro ou tentando ler algo que mantinha entre as mãos.
“Um dia fui parar em Osasco (região metropolitana de São Paulo) e não sabia como voltar. Aí, meu pai disse: 'Roberto, escuta, chega. Vou contratar o motorista e você para de dirigir. Você é um perigo público'. Aí eu parei”, contou Civita, que ia ao trabalho com seu motorista num Lexus preto, carro escolhido entre diversos modelos pelo conforto do banco traseiro.
Como bom italiano _ nasceu em Milão, em 9 de agosto de 1936 _, gostava de comer bem e de cozinhar. Apesar de ter guardado seus apetrechos de chef, panelas e facas, num sítio em São Lourenço da Serra, a cerca de 50 km de São Paulo, Civita desistiu do hobby no ano passado.
Apreciava filmes antigos, por achar a vida curta demais para ser desperdiçada com filmes ruins cheios de tiroteios e perseguições, considerados por ele “coisa de adolescente”. “Cidadão Kane”, de Orson Welles, era seu clássico favorito por retratar a vida, as dúvidas, os obstáculos e desafios de uma das grandes figuras da história da imprensa, o magnata americano das comunicações William Randolph Hearst.
Em agosto de 2011, deixou a presidência executiva da Abril, com a entrada do banqueiro Fábio Barbosa, ex-dirigente do Banco Santander.
Curso de Física Nuclear
Civita deixou a Itália com dois anos e meio de idade. Morou em Nova York até 12 anos, quando mudou-se com a família para o Brasil. Em São Paulo, formou-se na escola americana Graded. Ganhou uma bolsa de estudos para estudar Física Nuclear em Rice, no Texas, mas logo desistiu da ciência.
“Pensei: vou embora. Não quero ser só bom, quero ser grande. Me disseram que eu era maluco, pois era o segundo da turma”, lembrou na entrevista ao “Valor”. Disse que poderia ter sido cientista, mas não seria “muito bom, nem feliz”.
Formou-se em jornalismo na Universidade de Pensilvânia, ao mesmo tempo em que concluiu o curso de economia na Wharton Business School, da mesma universidade. Fez pós-graduação em Sociologia na Universidade de Columbia. Quando terminou as duas graduações, foi selecionado para estagiar na revista “Time”, onde trabalhou durante um ano e meio, passando por todos os departamentos. De volta ao Brasil, em 1958, propôs ao pai a criação do que viria a ser a quarta maior revista semanal de informação do mundo, a “Veja”, inspirada na “Times”, além da “Exame” (seguindo o modelo da “Forbes”) e da “Playboy”
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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Google também negocia compra da Waze por cerca de US$ 1 bilhão



  • Empresa israelense de informações de trânsito está quase sendo disputada a tapa por vários interessados


Waze rapidamente caiu no gosto popular, especialmente pelo seu cunho de rede social
Foto: Divulgação


Waze rapidamente caiu no gosto popular, especialmente pelo seu cunho de rede socialDivulgação
NOVA YORK - O Google está considerando comprar a companhia israelense de navegação por satélite Waze, o que pode gerar uma guerra de ofertas com o Facebook, informou a Bloomberg citando fontes próximas do assunto.
A Waze, empresa iniciante que desenvolveu aplicativo de navegação que usa recursos de redes sociais, está interessada em um preço acima de US$ 1 bilhão e está recebendo manifestações de múltiplas partes, disse a agência citando a fonte.
Outras informações publicadas pela imprensa afirmaram que o Facebook manteve negociações para comprar a Waze por até 1 bilhão de dólares.
O Google e outras empresas se aproximaram da companhia israelense depois que as negociações com o Facebook se tornaram públicas, mas nenhuma das partes está próxima de um acordo, segundo a agência, que acrescentou que a Waze pode optar por continuar independente.
Representantes da Waze não puderam ser contatados de imediato. O Google não respondeu de imediato.
O aplicativo a Waze usa dados dos celulares inteligentes de seus usuários para gerar mapas e dados de tráfego de veículos. As informações são compartilhadas com outros membros do serviço, oferecendo dados de condições de congestionamento em tempo real.

Como funciona o Big Data


Big Data é o conjunto de soluções tecnológicas capaz de lidar com dados digitais em volume, variedade e velocidade inéditos até hoje. Na prática, a tecnologia permite analisar qualquer tipo de informação digital em tempo real, sendo fundamental para a tomada de decisões

Big Data

Arqueologia da era da informação a partir do advento do bit



‘A informação’ narra as revoluções científicas que levaram à enxurrada de dados da atualidade

Livro celebra o gênio de cientistas pouco conhecidos do grande público, como Claude Shannon, Alan Turing, Charles Babbage e John Archibald Wheeler
RENNAN SETTI

RIO — Uma coincidência temporal e geográfica marca o ponto de virada do que hoje chamamos de era da informação. Em 1948, cientistas do Bell Labs — centro de pesquisas da AT&T, mastodonte da telefonia nos Estados Unidos — inventaram um componente minúsculo e barato para substituir as enormes válvulas que, à época, controlavam o fluxo de energia em eletrônicos. O transistor, como o advento foi batizado, rendeu aos seus criadores o Nobel de Física oito anos depois e proporcionou a miniaturização dos computadores nas décadas seguintes. “Mas esse foi apenas o segundo avanço mais importante daquele ano” a surgir no mesmo Bell Labs, escreve James Gleick em “A informação: uma história, uma teoria, uma enxurrada” (tradução de Augusto Calil; Companhia das Letras, R$ 59,50), que chega ao Brasil nesta sexta-feira.
Poucos meses depois de o transistor ser apresentado, um tímido matemático de 32 anos com experiência em criptografia de guerra publicou na revista técnica do Bell Labs artigo intitulado “Uma teoria matemática da comunicação”. Em 79 páginas, Claude Shannon propôs um método para mensurar a informação, grandeza conhecida de todos mas que ninguém conseguira definir até então. Assim, medir o volume de informação transmitido em uma linha telefônica seria tão possível quanto calcular distâncias, massas e tempo. À unidade básica dessa grandeza Shannon deu o nome de “bit”, que carrega a menor informação possível, uma escolha binária entre 1 ou 0, verdadeiro ou falso etc.
— É a capacidade de medir grandezas que as torna adequadas à ciência. Isso aconteceu em vários momentos da história. Há 400 anos, energia era uma palavra de uso geral mas, enquanto não se podia medi-la, a ciência não podia progredir nem entender aquilo que conheceríamos como termodinâmica — conta Gleick ao GLOBO, por telefone.
De tambores africanos a um tipo desconhecido de telégrafo
Shannon morreu em 2001 sem ter ganho um Nobel, mas é a ascendência de sua teoria sobre o transistor que guia “A informação”. O livro — um best-seller do “New York Times” e vencedor do prêmio Winton da prestigiosa Royal Society — concentra esforços em esmiuçar as ideias científicas que impulsionaram a revolução digital, não os incrementos de hardware. Em vez de Steve Jobs, Bill Gates ou mesmo do “pai da internet” Vint Cerf, os heróis da história são figuras obscuras para o público, como o próprio Shannon (protagonista), o matemático Alan Turing, o inventor Charles Babbage, o biólogo James Watson e o físico John Archibald Wheeler.
À semelhança do assunto fugidio de que trata, a narrativa percorre vasto período da história com pouco apreço pela cronologia. Depois de um prólogo sobre a pedra fundamental lançada por Shannon, o leitor é transportado ao Congo para entender como nativos recorriam à redundância para, apenas com o batucar de seus tambores, propagar mensagens complexas por longas distâncias. Por incrível que pareça, explica Gleick alguns capítulos depois, a técnica tonal dos africanos perdurou como o método mais sofisticado do mundo para transmissão de informações à distância até o fim do século XVIII, quando o francês Claude Chappe inventou o telégrafo.
Mas não se tratava do telégrafo que conhecemos — que Samuel Morse popularizaria na década de 1840, história que “A informação” também conta em detalhes. O engenho que Chappe lançou durante a Revolução Francesa consistia em braços mecânicos localizados no topo de torres de 20 metros de altura, podendo ser vistos de muito longe. As posições desses braços sinalizavam palavras ou frases inteiras em um elaborado código criado por Chappe. A mensagem era transmitida em revezamento entre as torres, localizadas cerca de dez quilômetros umas das outras. Quando chegou ao poder, Napoleão adotou a ideia.
Também merece muitas páginas no livro histórias sobre a origem da escrita, o nascimento de dicionários, o conceito de “meme” — inusitadamente forjado nas observações do biólogo Richard Dawkins — e o entendimento do DNA como arquivo de dados. Amarra a sequência de temas aparentemente desconexos a lógica por trás da transmissão e do acúmulo de informação.
Obra trata de temas complexos enquanto conta histórias saborosas
Aos 58 anos, Gleick é um jornalista habituado a temas áridos. Ex-editor e repórter do “New York Times”, em 1987 ele publicou “Caos, a criação de uma nova ciência”, obra finalista do Pulitzer que apresentou tópicos complexos como fractais e teoria do caos. É dele também uma concisa biografia de Isaac Newton e um longo relato sobre a vida do físico Richard Feynman, precursor da computação quântica e da nanotecnologia.
Em “A informação” não seria diferente. Um dos capítulos mais complicados explica as propriedades físicas da informação por meio da entropia, conceito da termodinâmica que, como o matemático John von Neumann teria aconselhado a Shannon, poderia ser usado “para ganhar qualquer debate porque ninguém o compreenderia”. Há também muitas páginas sobre a perseguição matemática pela aleatoriedade e sobre como os físicos quânticos começaram a enxergar o bit como a partícula fundamental, mais importante do que a matéria, e o universo como um computador cósmico.
Esses trechos arcanos, no entanto, são escritos de modo compreensível e podem ser gratificantes a leitores dispostos a se concentrar. Mas Gleick é também famoso pela forma humana e anedótica como retrata cientistas. É saboroso o capítulo sobre Charles Babbage, o matemático e inventor inglês que percorria obsessivamente as fábricas da Inglaterra do século XIX para entender como as máquinas funcionavam.
Não resta dúvida de que Babbage foi um homem à frente do seu tempo: na era do vapor e a um século dos mainframes, ele projetou os primeiros computadores programáveis da história, cujo objetivo era automatizar o cálculo numérico. Perseguindo seu sonho, Babbage cruzou com um gênio à sua altura: Ada Lovelace, filha do célebre poeta Lorde Byron, que largou sua mãe quando ela tinha apenas um mês e nunca mais a viu. Ada era um prodígio matemático em uma sociedade que vetava às mulheres a ciência. Entusiasmada com as máquinas do amigo inventor, a jovem condessa escreveu algoritmos para operá-las, transformando-se na primeira programadora de computador da história.
Babbage e Ada Lovelace, à frente da história
Engenhocas mecânicas formadas por milhares de peças metálicas, Babbage jamais concluiu a construção da Máquina Diferencial e da Máquina Analítica — a última era tão complexa que pesquisadores do Museu de Ciência de Londres estão gastando hoje milhões de dólares na tentativa de colocá-la de pé, em projeto que só deve terminar em 2021.
Babbage só viria a ser reconhecido mundialmente por suas invenções no século XX. Apaixonado pelo futuro, morreria frustrado com o que não foi capaz de vislumbrar. Gleick lembra que, pouco antes de sua morte, ele teria escrito a um amigo que “trocaria com alegria o tempo que lhe restava pela oportunidade de viver por três dias num período cinco séculos distante no futuro.”
— A vida de Babbage foi mesmo fascinante e triste ao mesmo tempo. Mas, se ele pudesse viajar no tempo e viver na atualidade, acho que se sentiria vingado pela presença dos computadores — especula o autor, que está começando a escrever um livro justamente sobre o sonho de viagem no tempo, façanha científica na qual ele próprio não acredita.
O sacrifício do sentido
Além de contar a história da informação, a obra de Gleick trata do excesso de dados que parece nos esmagar e de como é preciso recuperar o sentido dessa enxurrada. Isso porque, para mensurar a informação, Claude Shannon precisou sacrificar seu significado, decisão que custou a ser compreendida por um mundo que sempre achou que informação era sinônimo de conhecimento. Para a ciência, os bits de uma biblioteca inteira de filosofia valem tanto quanto os bits de um filme pornográfico. Mas, ao mesmo tempo em que reconhece que ignorar o sentindo foi essencial para o avanço da sociedade da informação, o autor defende que não devemos nos contentar com a definição de informação dada pela ciência.
— Meu livro leva a um paradoxo. Por um lado, temos mais informação do que jamais existiu. Por outro, não nos sentimos mais inteligentes do que antes. Na verdade, nos sentimos esmagados pela enxurrada de informação — afirma Gleick, que ainda não sabe qual solução a ciência dará para o excesso de dados: — Não há fórmula mágica para extrair o significado desse volume de dados. Eu não acredito que algoritmos, supercomputadores e Big Data sejam capazes disso. Esse é um problema com o qual já lidamos, por exemplo, quando a imprensa escrita surgiu. Nós não resolvemos o problema, apenas aceitamos o fato.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Yahoo! anuncia a compra do Tumblr por US$ 1,1 bilhão

G1

 




Criada em 2007, a plataforma de blogs possui 175 funcionários.
Em 2011, empresa havia sido avaliada em US$ 800 milhões.

Da France Presse
A empresa americana de internet Yahoo! anunciou nesta segunda-feira (20) a compra da popular plataforma de blogging Tumblr por US$ 1,1 bilhão.
A empresa informou em um comunicado que o Tumblr será operado de forma independente, como uma empresa separada. Informou também que "substancialmente todo" o valor da negociação será pago em dinheiro.
O diretor-executivo do Tumblr, David Karp, vai continuar como presidente-executivo da empresa. Os produtos, serviços e marcas continuarão a ser definidos e desenvolvidos de forma separada.
"O Tumblr está redefinindo a expressão criativa online", informou a presidente-executiva do Yahoo!, Marissa Mayer, em comunicado. "Em muitos sentidos, Tumblr e Yahoo! não poderiam ser mais diferentes e, ao mesmo tempo, não poderiam ser mais complementares", disse a executiva.
Após os boatos sobre a aquisição, o Yahoo! anunciou na sexta-feira (17) que uma entrevista coletiva seria organizada nesta segunda-feira em Nova York, nos Estados Unidos, sem especificar o tema, mas prometendo "compartilhar algo especial".

O Tumblr foi criado em fevereiro de 2007 e atualmente tem 175 funcionários. Disponível em 12 idiomas, afirma ter 107,9 milhões de blogs e 50,7 bilhões de publicações.
Em 2011, a empresa sediada em Nova York havia sido avaliada por investidores em US$ 800 milhões.
Fundado em 1994 na Califórnia, o Yahoo! é um gigante da internet com 11,5 mil funcionários, mas nos últimos anos teve problemas financeiros.
A compra do Tumblr seria uma estratégia para reativar o crescimento, liderado por Marissa Mayer, uma das mulheres mais poderosas do Vale do Silício.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Yahoo! negocia compra de Tumblr por US$ 1 bi

Estratégia de Marissa Mayer, CEO da empresa, é explorar a popularidade da plataforma entre os jovens para tornar o Yahoo! 'cool' novamente

Marissa Mayer, presidente do Yahoo, em entrevista no Fórum Econômico Mundial
Marissa Mayer, presidente do Yahoo, em entrevista no Fórum Econômico Mundial - Johannes Eisele / AFP
Marissa Mayer, CEO do Yahoo!, está negociando a compra do Tumblr, um híbrido de rede social e plataforma de blog, por 1 bilhão de dólares - mesmo valor pago pelo Facebook na aquisição do Instagram. Segundo o jornal The Wall Street Journal, a ideia da empresa é aproveitar a fama da plataforma para tornar o Yahoo! 'cool' novamente.
O investimento pode parecer alto – o Tumblr faturou apenas 13 milhões de dólares no ano passado –, mas pode servir à estratégia do Yahoo!: a plataforma é muito popular entre o público de 18 a 24 anos, exatamente o alvo de Marissa.
Fundada por David Karp, o Tumblr é uma startup nova-iorquina que já chamou a atenção de gigantes. Segundo a Forbes, Facebook e Microsoft conversaram com a companhia na intenção de adquirir o serviço.
O trunfo do Tumblr está em seu público e na forma como a plataforma é usada. A rede reúne muitos jovens, que exploram o espaço publicando fotos, comentários e gifs. A audiência do serviço também não é desprezível. Em abril, a rede recebeu 117 milhões de visitas, segundo a comScore. O Tumblr afirma que hospeda mais de 107 milhões de blogs e 50,7 bilhões de posts.
O Tumblr não é a primeira aposta do Yahoo! – nem deve ser a última. Desde que Marissa deixou o Google e assumiu o cargo de CEO a companhia já conversou com Foursquare, Path, Pinterest e Hulu. As ações da empresa subiram 70% desde que a executiva tomou as rédeas da companhia, em julho de 2012.  

Desafios de Marissa M

Internet cresce entre os mais pobres e cai entre os mais ricos, aponta IBGE



No topo da pirâmide, recuo pode estar relacionado à troca de computador por smartpho


Num puxadinho numa das entradas da Favela de Paraisópolis – a segunda maior de São Paulo – ficam José Francisco Rodrigues, de 51 anos, e seu computador de mesa conectado à internet. Pela rede ele paga contas, faz compras, acessa e-mail e define o preço dos tênis, bonés e camisetas esportivas que vende na Rodrigue's Sports.
“Se eu colocar um produto a um preço maior do que está na internet, perco o cliente”, diz ele, que no mês passado dobrou a velocidade da conexão – pelo triplo preço. Ultimamente, Rodrigues tem pensado em divulgar a loja pelas redes sociais. “A última ação de marketing que fiz foi com um carro de som”, lembra.
Quando o critério é o uso da internet, a pirâmide social brasileira tem se tornado cada vez menos desigual. Em 2011, a população com renda per capita de até 1 salário mínimo (R$ 678,00) – caso de Rodrigues – passou a representar 38% dos internautas do País, ante 32% em 2005, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento mais rápido, entretanto, ocorreu entre pessoas com o perfil como o Taísa Nascimento Carvalho, de 19 anos, – outra moradora de Paraisópolis –, que têm renda domiciliar per capita inferior a um quarto de salário mínimo, hoje R$ 169,50. Em 2005, apenas 3,8% dessa população havia usado a internet nos três meses anteriores à pesquisa. Em 2011, esse índice saltou para 21,4% – mais de 5 vezes mais (veja tabela).

Brasil conectado

Proporção da população que acessa a internet, por faixa de renda
fonte: IBGE


Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto Datapopular, na população mais jovem já não existe diferença entre ricos e pobres no acesso à internet.
“Nas classes C e D há um grau razoável de analfabetismo funcional, então os mais velhos acessam menos. Mas todos os que têm 14 anos são internautas, independentemente da renda”, diz Meirelles.
Marília Almeida
José Rodrigues, 51 anos, se baseia na internet para definir preços da sua loja em Paraisópolis
No conjunto da população, porém, o fosso ainda existe. Em média, 30% dos que têm renda domiciliar de até 1 salário mínimo per capita usa a internet, ante 46,5% da média brasileira. Já entre os que ganham de três a cinco salários mínimos, o índice sobe para 76%.
“Obviamente, comparado com os estratos mais altos, ainda é bem pequena [a utilização da internet entre os mais pobres]. Ainda existe uma associação entre acesso a internet e renda, mas a disseminação e o barateamento da tecnologia têm permitido que até mesmo pessoas com rendimento de até um quarto de salário mínimo usem a rede”, afirma Adriana Beringuy, técnica do IBGE.
Uso ‘cai’ entre mais ricos
Já entre os mais ricos, aponta o estudo do IBGE, o uso de internet teve um leve recuo nos últimos dois anos – um fenômeno inédito na história da pesquisa. Em 2011, 67,9% da população com renda familiar com mais de cinco salários mínimos per capita (R$ 3.390) usava internet, ligeiramente abaixo dos 68,3% de 2009.
Segundo Adriana, essa menor utilização tem relação com a idade. A população mais rica tende a ser de uma faixa etária mais elevada, que usa menos a internet. Há porém, uma outra hipótese: o abandono dos computadores em favor de tablets e smartphones, cujas conexões não são levadas em conta pelo IBGE. A supervisora de vendas Vanessa Montoza, de 37 anos, fez essa migração do computador para o dispositivo móvel na hora de navegar na internet em janeiro passado, quando ganhou seu primeiro celular inteligente.
Arquivo Pessoal
A supervisora de vendas Vanessa Montoza, 37 anos: smartphone 'aposentou' notebook
“Dá desânimo de ligar o computador. Só uso para mexer em fotografias”, diz ela. “"O celular está ligado o tempo todo, envia notificações em tempo real e acaba sendo mais prático.”
A migração também tem ocorrido, entretanto, em franjas mais baixas e mais velhas. O professor João Ronaldo Soares, de 55 anos e com renda na casa dos cinco salários mínimos, ainda usa o netbook para preparar aulas. Mas sonha com o dia em que usará seu smartphone – seu único portal para o mundo on-line há seis meses – em rede com os dos alunos.
“O abandono do computador pelo smartphone foi inconsciente. O que me chamou a atenção foi a praticidade”, diz ele, que leciona na Legião Mirim de Bauru, cidade do interior paulista. “Gostaria de poder transformar o celular, que hoje é um inimigo do professor em sala de aula, em um aliado.”
Adriana, do IBGE, acredita que a população que aposentou os computadores seja minoria. A partir da PNAD 2013, essas pessoas também começarão a contar como usuários da internet.
“Hoje em dia é difícil pegar alguém que exclusivamente acesse a internet por smartphone. Não é que não exista. Existe e tende a crescer, mas ainda é grande o número de pessoas que acessam por todas as modalidades”, diz ela.
O crescimento do uso de internet móvel tem sido mais expressivo entre as classes mais baixas, afirma Leonardo Contrucci, diretor de Pré-Pago da Telefônica Vivo.
“[O público das classes C, D e E] só não usa hoje internet como classe A e B porque ainda é um serviço considerado caro e não tão essencial”, diz.
Taísa, a moradora de Paraisópolis, paga R$ 17 por mês para acessar a rede. É barato, mas sempre estoura a cota de dados. Mais um motivo para visitar a casa do namorado, onde aproveita uma conexão aberta de algum vizinho desavisado. “Ali fico horas”, diz.