PARIS – A Google, em acordo inédito, vai ajudar os veículos jornalísticos franceses a aumentar sua receita com publicidade on-line e também criará um fundo de € 60 milhões para impulsionar a inovação na área de mídia digital. O acordo — assinado nesta sexta-feira pelo presidente francês Francois Hollande e pelo presidente do conselho de administração da Google, Eric Schmidt — alivia a polêmica sobre a exibição de links de notícias nos resultados de buscas feitas no Google, pela qual os jornais queriam ser remunerados.
Veículos europeus e leitores haviam pedido aos governos de França, Alemanha e Itália que obrigassem a Google a pagar por isso. A companhia americana ameaçou deixar de indexar os sites dos jornais em sua ferramenta, o que faria com que os links dessas páginas jamais fossem encontrados no buscador.
A Google afirmou ontem que o acordo significa que ela não terá que pagar para exibir trechos de notícias em sua ferramenta de buscas.
O governo da França nomeou um mediador para conduzir as negociações e declarou que as conversas resultaram num “final feliz”. Hollande e Schmidt começaram a se reunir desde o final de outubro, e o presidente francês, segundo o “El Pais”, teria pressionado a Google com a possível cobrança de uma taxa sobre o Google News caso as negociações das gigantes com as empresas de mídia fracassassem.
Segundo fontes próximas à negociação, o acordo só se aplicará a veículos jornalísticos de informação geral.
“Uma indústria jornalística saudável é importante para a Google e nossos parceiros, bem como essencial para uma sociedade livre”, disse Schmidt em comunicado.
Na Bélgica, intercâmbio de anúncios
Em dezembro, a Google celebrou acordo semelhante com veículos jornalísticos da Bélgica. A empresa de Mountain View perdeu um processo em 2007 num tribunal belga, que a obrigou a remover links de notícias de jornais em língua francesa e alemã publicados no país. Se não os retirasse do Google News, pagaria uma multa diária de € 25 mil (aproximadamente US$ 32 mil).
No fim, a empresa concordou em pagar custas legais acumuladas e se comprometeu a comprar anúncios nos jornais do país, enquanto as empresas jornalísticas passaram a comprar anúncios no site para se promoverem.
A Google também apresentou ontem propostas detalhadas para aliviar as preocupações sobre as suas práticas anticompetitivas, disse à Reuters o regulador antitruste da União Europeia, Joaquin Almunia. Segundo analistas, trata-se de um movimento que deixa a empresa mais próxima de resolver uma investigação de dois anos.
A Comissão Europeia vem investigando a companhia californiana após denúncias de mais de uma dúzia de empresas, incluindo a Microsoft, de que a Google usou seu poder de mercado para bloquear as rivais.
A Comissão, que atua como reguladora da competição nos 27 países-membros da União Europeia, deve agora buscar o retorno dos concorrentes da Google e de outras partes interessadas sobre a proposta.
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