Evolução é marca da imprensa e do GLOBO, que aposta no papel ao fazer reforma gráfica, que estreia no próximo domingo
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RIO - Quando Gutenberg criou a impressão com tipos móveis, por volta de 1439, calculava-se que o acervo mundial de informações se reduzia a 30 mil manuscritos guardados em conventos e igrejas. Um século e meio após a invenção, já havia 1,25 milhão de títulos publicados na Europa, segundo dados do livro “O contexto dinâmico da informação”, de Kevin Mc Garry.
Mais de cinco séculos depois, em 2002, ambicioso estudo realizado pela Universidade de Berkeley mediu a avalanche informativa que desaba sobre nossas cabeças nos dias de hoje. Os números impressionam: foram 70 milhões e 31 milhões de horas de nova programação transmitidas, respectivamente, pelo rádio e pela TV; cinco bilhões de mensagens instantâneas enviadas por telefone e 31 bilhões de e-mails trocados naquele ano. Só a internet gerou 170 terabytes de informação, o equivalente a 17 bibliotecas do Congresso dos EUA. De lá para cá, os professores desistiram de atualizar a pesquisa. Afinal, projeções sobre o crescimento da internet costumam falhar porque são sempre mais modestas que a realidade.
Nessa enxurrada de informações na web, muitos passaram a questionar a utilidade do jornalista. À medida que a internet permite o acesso direto à informação e até mesmo à publicação, haveria ainda sentido para o jornalismo?
— Há pessoas que acham que, com tanta informação disponível, não há mais necessidade de jornalismo. Elas estão erradas. Quanto mais informação houver, mais difícil será achar o que você quer. Será preciso alguém para organizar, avaliar e priorizar a informação. Os jornais não só fornecem as notícias, eles as organizam numa ordem de importância. E as interpretam. A demanda por explicação e interpretação será maior do que nunca — afirma Philip Meyer, autor do livro “Os jornais podem desaparecer?”, que hoje está convencido que não.
Um mergulho no passado da profissão mostra que o jornalismo sempre se deparou com avanços tecnológicos e soube se apropriar deles. Foi assim com o rádio e com a TV. E, indo ainda mais longe, com o telefone. Fábio Pereira, professor da Escola de Comunicação da UnB, lembra que a invenção redividiu as funções nas redações: passaram a coexistir os leg men (repórteres que iam até as fontes) e os rewrite men (redatores que recebiam as informações pelo telefone).
— O jornalismo está sempre se reinventando, independentemente do suporte. Mas seus valores são imutáveis. O bom jornalismo continuará sendo bom, seja em que suporte for veiculado. A qualidade do texto é mais importante do que saber operar ferramentas multimídia — afirma Pereira.
Há também argumentos históricos para se defender a crença na sobrevivência do jornalismo. Afinal, os antepassados dos jornais foram anteriores às rotativas. Na árvore genealógica da imprensa, estão as lettere d’avvisi (cartas de aviso), manuscritas e distribuídas na Itália desde o século XIII. Elas veiculavam notícias sobre colheitas, cotações de produtos e relatos de guerra. Os primeiros jornais que viriam a ser publicados com regularidade seriam o “Aviso” e o “Relation”, ambos na Alemanha, em 1609. De lá para cá, as inovações tecnológicas na imprensa fizeram as empresas se modernizarem continuamente.
Paralelamente ao emprego de modernas técnicas, as redações também se profissionalizaram, passando a empregar jornalistas em tempo integral.
— O jornalismo segue firme com sua capacidade de publicação e análise dos fatos. Ele não perde credibilidade. Ele perde o monopólio da informação, mas não perde sua capacidade de mediação — diz o professor Caio Túlio Costa, de Informação e Comunicação na Era Digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing-SP.
http://oglobo.globo.com/pais/jornais-sempre-se-reinventaram-5554299#ixzz21UAluTcQ
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